Depois de ser afastado da Diretoria de Inteligência Policial da PF (Polícia Federal), o delegado Protógenes Queiroz disse nesta quarta-feira que é candidato a ser carcereiro ou diretor da penitenciária que poderá abrigar o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity --caso ele venha a ser preso após a decisão da Justiça de condená-lo a dez anos de prisão por corrupção ativa. Ao negar sua disposição de se candidatar a cargos políticos, Protógenes disse que o seu desejo é acompanhar Dantas na cadeia.
"Sou candidato a ser carcereiro do bandido banqueiro Daniel Dantas na primeira penitenciária federal pública que ele cumprir pena. (...) Eu seria candidato a carcereiro porque, na minha condição, eu posso ser até carcereiro ou diretor de penitenciária que eu for convidado", afirmou.
Protógenes disse, porém, que não terá "prazer pessoal" em ser carcereiro ou diretor do eventual presídio que poderia abrigar o banqueiro. "Não seria um prazer pessoal, seria o desempenho da minha atribuição como servidor público", afirmou.
O delegado foi afastado da Diretoria de Inteligência da PF após deixar o comando da Operação Satiagraha. Protógenes deve assumir um cargo na CGDI (Coordenação Geral de Defesa Institucional), órgão ligado à Direx (Diretoria Executiva) da PF. Ele estava sem funções na PF desde que deixou o comando da operação por supostos vazamentos de informação na Satiagraha.
Protógenes disse que ainda não foi comunicado oficialmente sobre suas novas funções, mas disse estar disposto a cumprir qualquer "missão" que a direção-geral do órgão lhe designar. O delegado reiterou que foi afastado pela diretoria da PF do comando da Satiagraha, embora a instituição tenha divulgado que Protógenes havia pedido para deixar as investigações.
"Eu recebi uma decisão unilateral do órgão central da PF que propôs a relotação para outro setor, mas ainda não fui comunicado oficialmente dessa relotação. Provavelmente, a partir do mês de janeiro devo ter sinais concretos da minha lotação. Vou encarar com normalidade dentro das minhas atribuições e dentro da minha capacidade técnica para a qual fui treinado", afirmou.
Segundo Protógenes, a fita divulgada pela PF com trechos da reunião que selou o seu afastamento foi editada "criminosamente" pela direção do órgão. "A fita revela que eu não fui afastado, que eu fui deliberadamente afastado. Me propus a trabalhar nos fins de semana e permanecer para fazer análise do material apreendido." Mudanças.
Protógenes defendeu a ampliação de poderes à PF para que a instituição tenha prerrogativas atualmente concedidas ao Ministério Público e o Poder Judiciário --como maior mobilidade, independência funcional, administrativa e financeira.
"Do jeito que está hoje, fica difícil desenvolver trabalho com maior segurança jurídica. Não temos as mesmas prerrogativas do MP e magistratura. Se hoje um delegado tivesse o princípio da inamovibilidade, hoje ele não sofreria o que eu estou sofrendo, de ser afastado, ser relotado", afirmou.