Alheio aos efeitos da crise financeira no ano que vem, o governo liberou crédito especial para a construção de uma passagem subterrânea ligando o Senado ao Palácio do Planalto. O projeto autorizando a liberação do dinheiro foi apresentado discretamente, em um pacote de R$ 107,65 milhões, que também favorece a Justiça Federal e a Justiça Eleitoral. E só não foi aprovado na última quinta-feira porque o deputado José Carlos Aleluia (BA) e o senador Heráclito Fortes (PI), ambos do DEM, pediram o adiamento da votação do projeto. Eles alegaram não saber o que estavam votando.
O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, disse que a iniciativa de fazer a passagem para pedestres partiu da primeira-secretaria do Senado, em 2005, no primeiro ano da gestão do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa. Segundo Agaciel, a idéia foi encampada, após a divulgação de uma pesquisa mostrando que era grande o número de atropelamentos na pista que separa o Senado do Planalto. Já nos últimos dias, a informação que circulou no Senado é a de que o túnel atenderia aos cadeirantes que tivessem de atravessar a rua em direção ao Planalto.
Por intermédio de sua assessoria, Renan disse que, em nenhum momento, pediu para o governo liberar esse dinheiro. E mais: que sempre foi contra a construção do tal túnel. O próprio Agaciel acha hoje que, ;politicamente;, a obra não deve ser feita. ;A gente só não quer ficar com a responsabilidade de não ter tomado a iniciativa.;