Jornal Correio Braziliense

Politica

Em entrevista ao Correio, governador do Maranhão nega irregularidades e culpa adversários

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O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), integra, ao lado de outros seis chefes de Executivos estaduais, uma lista de políticos que respondem a ações na Justiça Eleitoral. Ele é alvo de acusações de abuso de poder político e econômico e de compra de votos nas eleições de 2006. O governador, no entanto, nega ter qualquer envolvimento em atos ilegais e considera que tudo não passa de uma ;armação; do grupo ligado ao senador e ex-presidente José Sarney, seu rival histórico no estado. ;Isso tudo é feito na tentativa de (os adversários) manterem algum tipo de liderança;, afirmou. No processo, Lago responde por firmar convênios supostamente irregulares com o governo estadual em 2006. Em entrevista ao Correio, o governador do Maranhão saiu em defesa do chefe do Executivo da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas permanece no cargo por força de uma liminar. Ele relata que, em reunião de governadores, no Recife, Cunha Lima negou todas as acusações. O tucano teria, segundo a ação, distribuído irregularmente cheques para tirar benefício eleitoral. ;O governador nunca teve nada com aquilo;, afirmou Lago. O governador do Maranhão também comentou os impactos da crise econômica no país. Disse que está em compasso de espera diante das seqüelas da crise, mas ressaltou que uma ;luz amarela; foi acesa. ;Nós ainda não sentimos a repercussão da imensa crise do capital internacional, que tende a se espalhar para todos os setores;, declarou. Oposição na mira Como o senhor avalia a cassação do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima? Ontem (terça-feira) tivemos uma reunião no Recife com os governadores do Nordeste, o presidente Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O encontro começou com o governador Eduardo Campos (Pernambuco) propondo que Cássio Cunha Lima tivesse alguns minutos para explicar a situação. E qual não foi a surpresa de todos quando ele disse que nada daquilo (as acusações) era verdadeiro. Nós tomamos um susto. E aí eu fiquei pensando: do que me acusam? De ter sido eleito em função de convênio do governador que nos antecedeu com as prefeituras. Não tenho nada a ver com isso. O governador da época, o José Reinaldo, é do PSB e tinha um candidato ao governo, que era o Edson Vidigal. Eu era candidato do PDT. O que tenho com aquele convênio? Nada. Sou acusado de ter me beneficiado dos convênios. Isso não tem nada a ver. E quanto à acusação de compra de votos? Essa é outra coisa que nos acusam. Pegaram dois advogados desconhecidos de Goiânia e foram para Imperatriz (MA) montar processos. Pegaram pessoas para dizer que receberam dinheiro e votaram no Jackson Lago. Uma delas procurou a Polícia Federal e a Justiça dizendo que foi obrigada a fazer aquilo. E logo em Imperatriz, onde tive 78% dos votos no segundo turno. Sempre fui muito bem votado em Imperatriz. Quem quer comprar um voto, dois votos? O senhor está confiante? Claro. Não há nada. Tudo é uma armação do grupo dominante para poder manter algumas lideranças tanto na Assembléia Legislativa quanto em algumas prefeituras. Na hora que disserem que o Jackson vai ficar os quatro anos, eles perdem o pouco que têm. São 40 anos ali e as pessoas começam a ver que as coisas estão diferentes, que o estado é outro. Há obras, há escolas, há participação popular. Então o senhor está dizendo que é um processo político? É claro. O que fazem (os adversários) é para tentar manter algumas lideranças municipais, alguns deputados que eles têm. Ainda não houve a decisão (da Justiça Eleitoral), mas não creio que haja uma violência dessa natureza. Fomos eleitos a primeira vez em São Luís em 1988. De lá para cá, eles nunca mais ganharam nada. Não têm chance. A mesma coisa é no governo do estado. E eles dizem: ;Temos que tirar no tribunal;. A primeira manifestação disso foi na eleição municipal deste ano. Eles historicamente faziam 80%, 85%, 90% das prefeituras e neste ano fizeram só um terço. Do ponto de vista orçamentário, o senhor está tendo que rever projetos em função da crise? Ainda não sentimos a repercussão da imensa crise do capital internacional, que tende a se espalhar para todos os setores. Tivemos a informação, todos sabem, que no mês de outubro houve a primeira baixa da produção industrial. Vamos aguardar novembro, dezembro, ver o começo do próximo ano. Também estamos melhorando nossa receita em função de modernização de técnicas, como a informatização de praticamente todo o sistema fazendário. É uma forma de diminuir o ralo. Mas o senhor vai rever o orçamento do ano que vem? Por enquanto, não mandamos buscar o orçamento na Assembléia Legislativa. O orçamento brasileiro não é impositivo, se houver dinheiro, será cumprido. Se não houver, não será cumprido. O que há de impositivo são as proporcionalidades, 25% da educação e os 12% da saúde. Vamos aguardar e ver como vai ser a seqüela da crise no nosso país. A diminuição do repasse da parcela do Fundo de Participação dos Estados, em novembro, acendeu a luz amarela. Vamos observar para ver se foi uma coisa episódica. Ouça a íntegra da entrevista: