Jornal Correio Braziliense

Politica

Insatisfeitos na PF tentam forçar saída de seu diretor-geral

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Em meio à crise que abala a instituição, setores descontentes da Polícia Federal já defendem publicamente a substituição de seu diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa. A "rebelião" tem adesão não só de delegados, mas também de agentes federais insatisfeitos com os rumos da negociação de uma lei orgânica para a categoria. Embora discordem quanto à intensidade, entidades sindicais --ainda que rivais-- reconhecem a existência de um movimento dentro da PF. "Hoje, 80%, 85% [da corporação] acham que é o momento de modificação. Estamos pensando na instituição. Não nas pessoas. Falo como classista, que tem conhecimento da categoria, da base", afirmou o presidente do Sindicato dos Delegados da PF no Distrito Federal, Joel Mazzo. A exemplo de Mazzo, o presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal no Estado de São Paulo, Amaury Portugal, diz que apenas reproduz a insatisfação da categoria. O Estado reúne 500 dos cerca de 2.000 delegados da PF. Mas, segundo ele, a pressão extrapola as fronteiras de São Paulo. "Depois dessa crise, houve um desgaste natural, como aconteceu com o Paulo Lacerda. Desgastou, tem de sair. É o caso dele. Já está na hora de ele sair", afirmou Portugal, autor de críticas à atual gestão. "Todo dia ouço queixas", completou ele. O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, Sandro Torres Avelar, minimiza esses tremores, ao qual chama de "movimentozinho". Mas não nega focos de descontentamento. "Existem pessoas insatisfeitas. Mas isso é uma pequena minoria. A grande maioria está trabalhando. Não é que esteja satisfeita ou deixando de estar. Mas está trabalhando, normalmente", afirmou ele. Uma ala da Polícia Federal responsabiliza Luiz Paulo Corrêa e seu antecessor, Paulo Lacerda, pela crise que a polícia atravessa. E, por isso, alega que os dois deveriam ser afastados do cargo. Não só Lacerda. "É um pensamento que circula. O que está em crise não é a PF. É uma gestão administrativa", justificou Mazzo. Mas não é só isso. A crise trouxe à tona antigas disputas na corporação. Alijados do comando da polícia, delegados se queixam da centralização do poder nas mãos de "colegas de curso" de Luiz Fernando Corrêa. O remanejamento de superintendentes, com a indicação de jovens para os cargos, é outro alvo de queixas. Os delegados reclamam da ausência de Corrêa no congresso organizado pelo sindicato há duas semanas, em São Paulo. Já os agentes federais estariam incomodados com o esboço da proposta de lei orgânica em discussão no Ministério da Justiça. A categoria defende a adoção de um sistema interno de promoção para que se tornem delegados. Hoje, há um concurso específico para delegados. Corrêa propõe uma transição gradual para o modelo reivindicado pelos agentes. Uma das idéias é que a experiência do agente conte pontos no concurso para delegados. Os peritos, por sua vez, exigem que seus laudos tenham caráter definitivo dentro de um inquérito policial. Procurada pela Folha, a assessoria de comunicação da PF rechaça qualquer risco de instabilidade. Segundo a assessoria, "o relacionamento do diretor-geral tanto com o Ministério da Justiça como com a Presidência da República é sólido. Está mais firme do que nunca".