O Ministério Público Federal em Minas Gerais informou hoje que apresentou denúncia na segunda-feira contra o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e outras 26 pessoas, incluindo diretores e ex-diretores do Banco Rural, por crimes decorrentes de fatos relacionados ao chamado mensalão mineiro. De acordo com as denúncias, o esquema teria sido montado em 1998 durante a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais.
Azeredo, hoje senador, foi denunciado em novembro do ano passado junto com mais 14 pessoas, pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. A acusação é de que eles teriam criado e desenvolvido em Belo Horizonte um esquema de "mensalão" que teria sido utilizado mais tarde em âmbito nacional. Durante a apuração do esquema do mensalão, em 2005, surgiram denúncias de um esquema semelhante realizado em Minas Gerais, com participação de Marcos Valério, de suas empresas e do Banco Rural.
Segundo informou o MP em seu site, a estrutura do esquema em Minas Gerais seria idêntico ao nacional. De acordo com o MP, foi construída uma estrutura que utilizava a simulação ou o superfaturamento em contratos de publicidade firmados com o governo estadual para juntar recursos que não seriam contabilizados e eram destinados à campanha eleitoral. De acordo com a denúncia, o Banco Rural teria sido peça-chave no mensalão mineiro, na concessão de empréstimos às empresas de Marcos Valério para investir na campanha de Azeredo ou na remuneração de Valério e seus sócios pelos serviços prestados.
Segundo a denúncia do Ministério Público, foram desviados pelo menos R$ 3,5 milhões dos cofres públicos do Estado de Minas Gerais para a campanha de Azeredo. As denúncias de hoje tratam de desdobramentos do inquérito principal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado de algumas autoridades acusadas.
Crimes
Valério é acusado, dentre outros, dos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e induzir em erro repartição pública competente, ao prestar-lhe informação falsa. Também foram denunciados seus sócios, o ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais, Rogério Lanza Tolentino, e Cristiano de Mello e Paz.
O MP também denunciou 24 dirigentes do Banco Rural pela prática dos crimes de gestão fraudulenta e de gestão temerária, além de lavagem de dinheiro. Entre eles, estão cinco integrantes da atual diretoria do banco: Kátia Rabelo, Plauto Gouvêa, João Heraldo dos Santos Lima, José Roberto Salgado e Mauro Pereira Gomes. Todas as denúncias foram apresentadas à 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte.