O delegado federal Carlos Eduardo Pellegrini Magro atribuiu ontem a "uma reação do crime organizado" informações que buscam desqualificar a Operação Satiagraha, na qual ele teve participação decisiva - comandou a equipe que, na manhã de 8 de julho, prendeu no Rio o sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, e outros 10 suspeitos. Magro desmontou a versão do delegado Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, segundo o qual o comando da Polícia Federal boicotou a missão. "A cúpula da instituição deu todo o apoio", declarou Magro. "Claro que não houve boicote, o que é isso? Agora, se existem algumas brigas por vaidade eu não sei o que está acontecendo. O trabalho foi coeso.
A PF informou à Procuradoria da República que a Satiagraha custou R$ 466 mil. Magro defendeu enfaticamente a atuação do superintendente da PF em São Paulo, delegado Leandro Daiello Coimbra, e do diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF, delegado Roberto Troncon. "É uma leviandade falar que o dr. Leandro e o dr. Troncon não apoiaram a operação. Como eu ia trazer os presos do Rio para São Paulo sem o avião? Como ia trazer todos esses presos se não tivesse apoio? Trabalhamos com amplo incentivo da administração. Prendemos todos os alvos, fizemos a colheita de provas, colocamos os presos no avião. Como ia movimentar um avião que custa R$ 40 mil a hora de vôo se não tivesse o aval da cúpula?", assegurou.
O delegado foi incluído na operação um mês antes da deflagração, para cuidar do planejamento e execução. Magro anotou que o contra-ataque do crime organizado se deve ao fato de que a PF se estruturou e começou a algemar "abastados". "Estamos sofrendo uma reação, mas nos protegendo com escudo. Estamos agrupados, unidos. Verifica-se a infiltração em determinados Poderes, o crime organizado atua com violência e grave ameaça ou por suborno e chantagem, sempre cooptando. Não temos medo do crime organizado, jamais. Nossos argumentos são o trabalho. Aqui é telhado de aço inoxidável com chumbo que não derrete."