A oposição puxou o freio de mão nas negociações com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), cuja candidatura a presidente da Câmara dos Deputados está sendo desestabilizada pelo surgimento de outros candidatos aliados do governo e pelas exigências do bloco de esquerda PSB-PDT-PCdoB, que também ameaça lançar um concorrente. ;Nós somos a favor da composição da Mesa pelo critério da proporcionalidade. Estamos conversando com Temer, mas vamos esperar mais um pouco para ver o que vai acontecer, porque não abrimos mão da primeira-vice-presidência;, diz o líder do PSDB na Casa, José Aníbal (SP), que sempre foi simpático à candidatura do peemedebista.
A cautela do tucano tem uma explicação: PSB, PDT e PCdoB cogitam uma candidatura própria se Temer e o PT não fecharem acordo garantindo a primeira-vice-presidência para o bloquinho, cargo atualmente ocupado por Narcio Rodrigues (PSDB-MG). Hoje, o bloquinho ocupa uma suplência nas secretarias. Por causa da manobra, os tucanos resolveram recuar na aliança com Temer, que estava quase fechada. O DEM e o PPS também preferem aguardar o comportamento dos demais partidos da base governista, que estão se digladiando. O deputado Ciro Nogueira(PP-PI), candidato do ;baixo clero;, diz que sua candidatura é irremovível. E o deputado Milton Monti (PR-SP), contra o presidente de seu partido, o ex-deputado Waldemar Costa Neto, pretende formalizar sua candidatura ainda esta semana.
Banho-maria
;Vamos aguardar o comportamento da base do governo para ver o que acontece. Se a maioria se unificar em torno de Temer, defenderemos a proporcionalidade. Se houver divisão na base, avaliaremos o que é melhor para a oposição;, anuncia o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia ((RJ). Uma parte da bancada do DEM tende a apoiar Ciro Nogueira, mas a cúpula da legenda, por causa da aliança do PMDB com o prefeito Gilberto Kassab, em São Paulo, prefere o apoio a Temer. O PPS também subiu no muro em relação à candidatura de Temer. ;A maioria da bancada defende a proporcionalidade, mas está cedo ainda para uma definição;, afirma o líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC).
Por trás da desestabilização de Temer, estão dois pesos pesados da base governista. Um é o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), ex-presidente da Casa e ex-ministro da Articulação Política, que convenceu o bloquinho a jogar duro nas negociações. A candidatura do próprio Aldo é uma alternativa do bloquinho, caso o PT e o PMDB não entreguem o terceiro cargo da Mesa para o grupo, na opinião do deputado Vieira da Cunha (RS), líder do PDT. O outro peso pesado é o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PE), que até agora não fechou o apoio da bancada do PTB a Temer.