A CPI das Escutas Clandestinas da Câmara vai ouvir nesta quarta-feira (17/11) o delegado Amaro Vieira Ferreira, corregedor-geral da Polícia Federal, responsável pelo inquérito que investiga supostos excessos cometidos pelo delegado Protógenes Queiroz no comando da Operação Satiagraha. Além de saber detalhes sobre o trabalho do delegado, a comissão quer levantar informações a respeito da operação.
"Há muitas perguntas sobre a operação. Temos que saber o que o Protógenes cometeu de errado e as fontes que foram detectadas nas investigações", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
A expectativa é que a CPI, em seu relatório final, sugira o indiciamento de Protógenes e de Paulo Lacerda --diretor-afastado da Abin --por falso testemunho. Os dois apresentaram versões divergentes sobe a participação de homens da agência na Operação Satiagraha e, posteriormente, descobriu-se que ambos apresentaram à comissão números reduzidos dos agentes envolvidos na operação.
Caso o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), não inclua no texto final as sugestões de indiciamento, a oposição promete apresentar voto em separado com as sugestões. "Eu não conheço ninguém condenado por falso testemunho em uma CPI. Mas se não tomarmos a iniciativa, isso será enfraquecer os trabalhos da comissão", disse Fruet.
Relatório produzido pelo delegado, que integra a Corregedoria da Polícia Federal, atribuiu ao delegado Protógenes a responsabilidade por vazamentos de informação ocorridos durante a investigação.
Reportagem afirma que os depoimentos tomados por Amaro revelam que pelo menos 62 funcionários lotados nos escritórios da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em 12 Estados diferentes participaram da investigação. A Folha informa que o relatório do delegado, de 47 páginas, é preliminar e não representa a condenação de Protógenes. No documento final, entretanto, ele deverá indiciar Protógenes e outros investigados por supostos crimes de violação de sigilo funcional e infração à lei que regula as interceptações telefônicas. No relatório, o delegado afirma, de acordo com a reportagem, que há indícios de que equipe da TV Globo foi avisada por Protógenes horas antes de as prisões ocorrerem, em 8 de julho. Na operação, foram presos, entre outros, o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas.
Mais depoimentos
Além de Ferreira, a CPI também vai ouvir nesta quarta-feira o procurador Roberto Dassie, coordenador do grupo de controle externo da atividade policial do Ministério Público de São Paulo --que solicitou à Corregedoria da Polícia Federal informações sobre a Operação Satiagraha.
A Procuradoria solicitou resposta para uma série de questionamentos para investigar a suposta falta de apoio ao trabalho do delegado Protógenes, no período em que esteve no comando da operação da PF.
São aguardados também para esta semana os depoimentos de representantes da Secretaria de Segurança Pública do Rio, entre eles o delegado Márcio Derenne.