A disputa pela presidência da Câmara pode ganhar novos contornos nos próximos dias. Há hoje, dois candidatos ao posto: Michel Temer (PMDB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI). Um terceiro deputado cogita, porém, entrar na briga. Chama-se Milton Monti (PR-SP). Está sendo insuflado pelos partidos do chamado bloquinho (PSB, PCdoB e PDT).
Confirmando-se a candidatura de Monti, são grandes as chances de que a eleição interna da Câmara seja definida numa votação em dois turnos.
Um problema para Michel Temer, que trabalha para liquidar a fatura no primeiro turno. Um alento para Ciro Nogueira, que torce para que a briga deslize para o segundo round.
Para tornar-se mandachuva da Câmara, um deputado precisa amealhar no mínimo 257 votos. Quanto maior o número de pretendentes, menores as chances de o placar ser atingido em turno único.
Hoje, dá-se como certo na Casa que, havendo mais de duas candidaturas, Michel Temer terá de medir forças com Ciro Nogueira num segundo turno.
E todos os deputados que se julgam marginalizados na Câmara despejariam seus votos em Ciro, espécie de porta-estandarte dos deputados "excluídos".
A candidatura de Temer lida com uma dicotomia. A aliança PMDB-PT, principal tônico do deputado, pode converter-se em veneno.
Parlamentares do bloquinho - à frente Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Márcio França (PSB-SP) - alegam que a dobradinha peemedebê-petê exerce na Câmara poderes hegemônicos.
Dizem que as duas maiores legendas ispensam aos partidos menores um tratamento subalterno. Foi assim sob Arlindo Chinaglia (PT-SP). Receiam que continue sendo assim sob Temer.
Daí a conspiração para que Milton Monti entre no jogo. Sabe-se que ele não tem votos para vencer. Mas o que se deseja é atazanar a vida de Temer, facilitando a de Ciro.
Há dois anos, quando foi batido por Arlindo Chinaglia no plenário, Aldo Rebelo tinha Ciro Nogueira como coordenador de campanha.
Agora, é Aldo quem ajuda Ciro. Move-se com a gana de quem deseja dar o troco. Quer ver a canoa de PMDB e PT fazendo água.
Foi essa junção de interesses que, em 2006, fulminou as chances de Aldo de reeleger-se presidente da Câmara.
Afora o suporte do próprio partido e do PT, Temer já conta com o apoio da cúpula do PSDB. O DEM também negocia com ele. Mas não lhe assegurou, ainda, os votos.
Ciro Nogueira dá de ombros para as costuras feitas pelo alto. Prefere comer o mingau pela beiradas, como se diz. Joga com o fato de que o voto é secreto. Jura que já arrastou para o seu cesto, além da maioria do bloquinho, a quase totalidade do DEM e um bom lote de votos tucanos.
Para complicar, um quarto deputado frequenta os corredores da Câmara com cara de candidato à presidência da Casa: Osmar Serraglio (PR), do mesmo PMDB de Temer.