As pedras no caminho do candidato Tião Viana (PT-AC) à presidência do Congresso vão muito além da guerra interna entre o PMDB da Câmara e o do Senado. O jogo sucessório envolve a disputa entre aliados e adversários do governo, mágoas e vetos pessoais, além de vingança e picuinhas da política do Acre. O caso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é exemplar. De público ele nega o veto a Viana. Nos bastidores, contudo, deixa claro que quem lhe dificultou a vida ao substituí-lo na presidência da Casa, acatando pedidos de cassação de seu mandato, jamais terá seu voto.
Em outubro de 2007, acuado por cinco representações, o então presidente do Senado pediu afastamento e entregou o posto a Viana. A principal acusação era de que teria contas pessoais - incluindo a pensão de uma filha - pagas pelo lobista de uma empreiteira. Renan acabou absolvido pelos colegas duas vezes, mas jamais recobrou o prestígio de antes.
O DEM também deu seu recado aos tucanos. Líderes do partido dizem que preferem "ver Satanás" sentado ali, na cadeira de presidente do Senado, a um petista que seja a "encarnação" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando da Casa. "Não permitiremos que tomem o último bastião da oposição", desafiou o líder José Agripino (DEM-RN), em conversa com um tucano nesta semana.
Adversário de Viana no Estado, o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) é outro que não admite fortalecer a candidatura do petista ao governo estadual com a presidência da Casa. O PSDB faz corpo mole para se manifestar, de olho nos dividendos da briga em 2010. Os tucanos apostam no racha da aliança governista para abocanhar ao menos o apoio de uma fatia do PMDB na eleição presidencial.