Os desdobramentos da Operação Satiagraha abriram uma nova crise entre a Polícia Federal e o Ministério Público em São Paulo. No parecer em que nega buscas e apreensões nas residências de investigadores e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o procurador da República Roberto Diana cita o delegado Carlos Eduardo Pellegrini Magro como o autor de uma frase reconhecendo ser o autor do vazamento da operação, mas a cúpula da PF na capital paulista nega que isso tenha ocorrido. Na segunda-feira, as duas instituições vão se manifestar oficialmente sobre a intriga.
O pedido de busca e apreensão na residência do delegado Protógenes Queiroz, na Abin e na casa de dois arapongas foi feito no final de outubro pela PF à 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo. O Ministério Público se manifestou em contrário, alegando que não havia provas suficientes para realizar a busca. Em uma das considerações, o procurador alega que na reunião realizada dias após a Satiagraha, Pellegrini teria dito que fora ele o autor do vazamento.
;Peço desculpas por ser o delegado mais velho e não ter tido a capacidade de ter segurado a informação e vazado a informação para a imprensa;, teria relatado Pellegrini a outros delegados presentes na reunião, inclusive o superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra. Segundo a polícia, a frase atribuída ao delegado foi dita por outra pessoa, cujo nome será revelado na segunda-feira, em manifestação oficial. O MP também só vai falar sobre o caso na próxima semana.
A nova fase da Satiagraha, que começou com a saída de Protógenes e a entrada do delegado Ricardo Saadi, já produziu o primeiro relatório sobre as investigações e reforça as denúncias contra os principais envolvidos. Parte dos laudos periciais foi entregue ao MP e confirma alguns dos fatos apurados por Protógenes, mas falta ainda o principal, que são análises nos computadores do banqueiro Daniel Dantas, controlador do Opportunity. Os equipamentos estão no Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, e podem ser encaminhados para os Estados Unidos, caso não haja como realizar a perícia, como antecipou o Correio há duas semanas.
Anulação
Na próxima semana, são esperados novos desdobramentos no caso. Logo na segunda-feira, a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal em São Paulo deve se reunir mais uma vez para avaliar o pedido de afastamento do juiz titular da 6º Vara Criminal Federal, Fausto de Sanctis. A defesa de Daniel Dantas questiona o desempenho do magistrado, especialista em processos de lavagem de dinheiro. Na quarta-feira, termina o prazo para que a defesa de Dantas apresente alegações finais do processo em que o banqueiro é acusado de prática de corrupção.
Paralelamente, os advogados do ex-prefeito Celso Pitta e do investidor Naji Nahas acompanham o andamento do inquérito principal da Satiagraha, ainda em andamento na PF. O advogado Sérgio Rosenthal, responsável pela defesa de Nahas, lembrou que seu cliente ainda não prestou depoimento nem foi indiciado no inquérito: ;Portanto, ele (Nahas) não é formalmente acusado de nada.;