O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, entrou em nova rota de colisão com a bancada do PMDB na Câmara, que ameaça retirar-lhe o apoio, pondo em risco sua permanência na Esplanada. Não bastassem as críticas do PT e a avaliação do Planalto de que sua gestão compra brigas desnecessárias, Temporão causou ainda mais preocupação ao governo quando, na quarta-feira, chamou a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) de "corrupta" e disse que a entidade apresenta baixa qualidade de serviço.
A acusação jogou combustível na crise e deu munição aos adversários do ministro. Agora, petistas e peemedebistas querem pôr o cargo no pacote de negociações que embala as eleições no Congresso, marcadas para fevereiro de 2009. O PT reivindica o ministério de volta, mas o PMDB só admite trocar o titular, sem ceder a vaga. Pode mudar de idéia se o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva concordar em dar ao PMDB o comando da Câmara e do Senado.
As estocadas de Temporão na direção da Funasa provocaram rebelião de deputados do PMDB contra o ministro. Indicado há 20 meses pela bancada do partido na Câmara, o presidente da Funasa, Danilo Forte, receberá o desagravo dos parlamentares na terça-feira. Além disso, a bancada também promete fazer manifestação de repúdio às declarações de Temporão.
Desde a manhã de ontem, o telefone do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, não parou de tocar no Planalto. Irritada, a cúpula do PMDB na Câmara solicitou a Múcio que transmitisse a seguinte advertência a Temporão: se tiver de escolher entre o PMDB e o ministro, o governo ficará com o PMDB, porque precisa muito mais do partido do que dele. Articulador político do governo, o ministro ficou contrariado com a exigência e vai se reunir com os peemedebistas na semana que vem em mais uma tentativa de apagar o incêndio na base aliada. Não é de hoje que a bancada peemedebista se queixa de Temporão: reclama que ele não recebe parlamentares nem libera recursos de emendas ao Orçamento.