Servidores demitidos, serviços básicos suspensos e a população à espera de solução para os problemas. É nessa situação que alguns dos prefeitos eleitos em 5 de outubro vão encontrar os municípios que irão governar a partir de 1º de janeiro. Os atuais administradores estão sendo acusados de atrasar salários, demitir funcionários e deixar os moradores relegados à própria sorte. Em alguns casos, além das questões administrativas, eles também estariam atropelando o processo de transição e sonegando informações para os futuros gestores.
O cenário pós-eleitoral levou o povo às ruas. O caso de maior repercussão envolve a cidade de Barreiros, a 108 quilômetros do Recife, na Mata Sul. A população está revoltada com o prefeito Cleto Gilberto (DEM). O democrata perdeu a eleição e não fez o sucessor, Marcelo Guimarães, também do DEM. As acusações contra ele incluem, falta de merenda, deremédios e demissão de funcionários contratados durante a campanha. O prefeito eleito Toinho da Coca-cola (PSB) preferiu não se envolver na questão. "A transição está tranqüila", esquivou-se. As denúncias, de autoria de servidores, estão sendo investigadas pelo Ministério Público, segundo a promotora Claudia Magalhães.
Em Timbaúba, os servidores promoveram um protesto em frente ao prédio da Prefeitura. Em Panelas, Bezerros e Buíque, os prefeitos eleitos, Sérgio Miranda (PTB), Bete Lima (PR) e Jonas Camêlo (PSDB), respectivamente, estão denunciando uma série de irregularidades. Sérgio Miranda acusa o prefeito Fred Moreira (PDT) de atrapalhar o processo de transição. "Até agora, nada chegou às nossas mãos", revelou. Ele acrescentou que os vereadores encaminharam um pedido de informação à Prefeitura e se a resposta não chegar, o caso será levado à Justiça. Miranda mostrou-se preocupado com a condução dos programas sociais (bancados pelo governo federal). "Os dados estão sendo repassados para Brasília por pessoasque não conhecem os projetos", criticou.
Já o prefeito eleito de Buíque, Jonas Camêlo, denuncia cortes nos cargos comissionados e de redução do número de veículos que transportam pacientes para tratamento no Recife e em Caruaru. "A cidade reclama que está faltando remédios e que não tem merenda nas escolas", acrescentou. Marinaldo Rosendo, eleito prefeito de Timbaúba, também elencou demissões e nomeaçao de vários concursados. "Ele está inchando a máquina. Os garis, por exemplo, estão se esbarrando pelas ruas, de tantos que entraram", disse. Ele reclamou , ainda, de problemas com a transição.
O mesmo drama está acontecendo em Amaraji. Segundo o prefeito eleito Jânio Gouveia (PR), a cidade está complemente abandonada. Não tem coleta de lixo, apenas um médico está atendendo no hospital municipal, os salários estão atrasados e funcionários (comissionados) foram demitidos. A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Amaraji, Andréia Freitas Peixoto, acrescentou que 100 cargos foram cortados.
A prefeita eleita de Bezerros, Bete Lima, também está à espera de informações. Na última quarta-feira, ela acreditava que receberia na sexta-feira o relatório com dados sobre a folha de pagamento. "Não tenho informações oficiais, mas muita coisa está chegando ao meu conhecimento". Bete, na verdade, se referia às denúncias envolvendo demissões, problemas no abastecimento de água e falta de transporte de pacientes de hemodiálise e de remédios.