Jornal Correio Braziliense

Politica

Divergências em projeto adiam reforma do Planalto

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A reforma do Palácio do Planalto, que já deveria ter começado, foi adiada para o próximo ano, por causa de divergências na elaboração do projeto das obras. A mudança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos cinco ministérios que funcionam no Planalto está prevista para a segunda quinzena de dezembro. Nesta semana, o Exército começou a preparar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), de onde Lula vai despachar durante as obras no Palácio, para receber o presidente e parte de sua equipe. O projeto da reforma, que está sendo feito pelo escritório do arquiteto Oscar Niemeyer e por mais três empresas - Fox Engenharia e Consultoria, 2AB Engenharia & Projetos e Cinnanti Arquitetura e Engenharia -, que cuidam da parte elétrica, hidráulica e de segurança, está em fase de conclusão. A expectativa era que essa etapa fosse concluída no primeiro semestre deste ano, para que as obras começassem no segundo. Mas opiniões divergentes sobre detalhes da reforma atrasaram a conclusão dos trabalhos. O presidente insistiu na retirada dos carpetes do prédio, enquanto Niemeyer gostaria de manter as características originais do Palácio, inaugurado em 1960. Lula também decidiu preservar os amplos espaços para circulação no quarto andar, tomado de salas da Casa Civil, da Secretaria-Geral, do Gabinete de Segurança Institucional e da Secretaria de Relações Institucionais. Para isso, está sendo feito um estudo para decidir qual a estrutura desses ministérios tem que ficar próxima ao gabinete do presidente, no terceiro andar. Parte da estrutura será acomodada em um dos quatro anexos do Planalto. Hoje, 569 pessoas trabalham no Palácio, mas a proposta do governo é limitar esse número em 250 servidores. Desde o primeiro mandato, Lula reclama de problemas no Planalto. Já criticou os carpetes, que estão manchados e desgastados, e a água, que sai escura das torneiras por causa da ferrugem nas instalações hidráulicas. O prédio também não foi preparado para receber as novas tecnologias: os fios de computadores, por exemplo, estão expostos. A rede elétrica não comporta a demanda. Há infiltrações e rachaduras na cobertura do prédio, e o revestimento de mármore está danificado. A proposta do governo é entregar o palácio reformado em abril de 2010 na comemoração dos 50 anos de Brasília. Mas, com o atraso no início das obras, isso pode ocorrer ao longo de 2010. Lula fez um único pedido: quer despachar do Palácio reformado pelo menos um dia, antes de passar a faixa presidencial para seu sucessor. Durante a restauração do Planalto, Lula vai despachar no CCBB e usar o Palácio do Buriti - sede do governo do Distrito Federal - para eventos oficiais. Está certo que seguirão com o presidente para o CCBB as estruturas da Casa Civil e da Secretaria Especial de Comunicação Social. A Secretaria-Geral ficará em um dos anexos do Planalto e a Secretaria de Relações Institucionais irá para o anexo do Palácio do Itamaraty, o chamado "Bolo de Noiva", onde funcionou o gabinete de transição do governo Collor. Responsável pela articulação política, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, argumentou que não poderia ficar no CCBB, porque é distante do Congresso. Ele chegou a pedir uma sala para o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que estranhou o pleito. Múcio, assim como os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria Geral), Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional) e Franklin Martins (Comunicação Social) terão uma sala no CCBB.