A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, considera que a crise financeira internacional acabará por ser um componente positivo para a avaliação do governo Lula. Para a ela, o povo verá que a atual gestão sabe governar "na hora mais difícil". A preferida do presidente para a sucessão de 2010, que vinha sendo preservada pelo Planalto nas considerações sobre a crise para focar nas repercussões positivas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), discutiu abertamente o cenário econômico em entrevista à revista "Época". Dilma aproveitou também para comparar os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso.
"Há muita gente achando que o Brasil hoje é o mesmo país de antes de 2003, quando ocorreram crises até pequenas se comparadas à atual. Essas pessoas apostam que o governo vai falir, como faliu naquele período. Mas não vai. Naquela época, se havia crise, o governo quebrava, porque a dívida pública estava denominada em dólares e explodia. Não havia reservas suficientes e tinham de recorrer ao FMI e adotar políticas extremamente restritivas. Hoje, é completamente diferente: para começar, o governo não quebrou", afirmou a ministra.
Segundo ela, o país tem atualmente mais condições para enfrentar à crise devido à inflação sob controle e à robustez das contas externas. Ela também ressaltou o esforço de aumentar o superávit primário, o estímulo ao mercado interno e a diversificação das relações comerciais com outros países. Dilma afirmou ainda que há uma diferença de "atitude" entre o governo atual e o passado.
"O presidente Lula não fica choramingando por um probleminha aqui, outro ali. Em vez de ficar apático, ou até de ser uma das maiores partes do problema, como nas crises antes de 2003, o governo hoje é um ator presente no cenário, com muitos instrumentos", defendeu.
Questionada sobre afinidades de visões econômicas com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), um dos principais nomes da oposição para as próximas eleições, Dilma afirmou que respeita o tucano, mas que os dois não compartilham o mesmo projeto.
"Não vou discutir o que me diferencia do governador Serra, mas não estamos no mesmo projeto. O governador estava no projeto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eu estou no projeto do presidente Lula", afirmou.
A ministra também relatou suas expectativas sobre como os oito anos de governo Lula serão vistos em 2010. Ela disse esperar que o povo reconheça os esforços do governo para mudar as condições de desenvolvimento, fazer o país crescer e promover inclusão social:
"A característica principal deste governo é que aumentamos a classe média brasileira em quase 20 milhões de pessoas, resgatamos da pobreza mais de 10 milhões de brasileiros. O governo será avaliado pelo que é".