A três semanas do prazo vital para o sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, réu em ação penal por suposto crime de corrupção ativa, seus advogados planejam ofensiva cerrada nos tribunais superiores em busca de objetivo ousado: tirar do caminho o juiz Fausto Martin De Sanctis, a quem fustigam com argüição de suspeição - procedimento que visa a afastar o magistrado da causa. De Sanctis dirige o processo contra Dantas. A defesa de Dantas acusa o magistrado de parcialidade e precipitação. Considera-o suspeito e incompetente, do ponto de vista legal, para a causa.
Fausto De Sanctis não dá entrevista sobre o episódio, nem se manifesta sobre censuras e reprovações que têm sofrido. Precavido, mantém-se à margem de polêmicas e exerce sua rotina no gabinete do Fórum Federal. Em conversas reservadas com colegas de toga, ele tem assinalado que sua conduta, ao contrário do que apregoa a defesa, observa e privilegia rigorosamente os princípios da ampla defesa. Não admite, porém, expedientes que classifica protelatórios ou "impertinentes".
Dia 19 de novembro é a data-limite do banqueiro. É nesse dia, uma quinta-feira, que ele deve entregar à 6ª Vara Federal, da qual Sanctis é o titular, os memoriais com derradeiros argumentos da sua defesa. Assim que receber a petição dos advogados, o juiz poderá sentenciar o processo - embora tenha 10 dias para dar seu veredicto. A defesa está convencida de que se depender do juiz De Sanctis o destino de Dantas será a condenação. Corrupção ativa, segundo prevê o artigo 333 do Código de Processo Penal, é punido com pena de reclusão - a mínima, de 2 anos, a máxima de 12.