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Politica

Gabeira e Paes mostram estilos diferentes no primeiro debate do segundo turno

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Os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV), se enfrentaram nesta quinta-feira no primeiro debate do segundo turno. Gabeira foi mais agressivo, deixando Paes visivelmente contrariado em diversos momentos. O peemedebista evitou revidar os ataques, mas fazendo suas críticas de forma indireta. O primeiro "round" de debates entre os candidatos foi realizado pelo jornal "O Globo" com uma platéia de aproximadamente 400 pessoas. Gabeira levou as filhas --inclusive a surfista Maya Gabeira--, vereadores de sua coligação e o ex-governador Marcello Alencar. Paes foi com assessores e o candidato a vice Carlos Alberto Muniz. Diante de uma platéia de cerca de 400 pessoas, o candidato do PV aproveitou o debate para rebater críticas feitas, em entrevistas à imprensa, por Paes e pelo governador Sérgio Cabral (PMDB). Paes reforçou a tese do "prefeito síndico" e disse que estava no debate "para discutir a cidade e não para ficar de picuinha". PV O candidato do PV reagiu a ataques de Cabral, que o comparou ao ex-presidente Fernando Collor. "Ele [Sérgio Cabral] é jovem, mas sabe que eu lutei contra o Collor. Um jovem governador que não conhece a história contemporânea do país é um problema", disse Gabeira, que também atacou Cabral por ter chamado médicos faltosos da rede estadual de "vagabundos". Gabeira também reagiu às acusações de Paes de que, por falta de experiência administrativa, ele pode não fazer um bom governo. "O Eduardo simpaticamente disse que eu não tenho experiência administrativa, mas quem examinar o primeiro turno verá que eu consegui mais votos com menos dinheiro. Então administrei melhor o dinheiro dos doadores", disse o candidato do PV. "[Paes] me acusa de não ter experiência administrativa, se esqueceu que os seus dois modelos [Lula e Cabral] não tinham e hoje são governos altamente elogiados pelo senhor", acrescentou Gabeira, em outro momento. Gabeira ainda interrompeu duas vezes a fala de Paes. Quando o peemedebista citou que, no plano estadual, "houve um processo de desestruturação da máquina pública", ele reagiu: "Mas os governos foram do PMDB". Em outro momento, ao comparar as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) do governo do Estado aos postos de saúde da prefeitura, Paes disse que é preciso "ter a compreensão de que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". "Isso eu acho que nós já temos a esta altura da vida", ironizou Gabeira. Gabeira também citou a massiva campanha de rua de Paes para criticar a imagem de "prefeito síndico". "Ele encheu a cidade de cartazes inadequados. Para um candidato a síndico, não é bom começar sujando o prédio dele", comparou. PMDB Paes adotou durante a maior parte do tempo a linha "acima do confronto". Referindo-se ao "glorioso povo suburbano" e "essa gente sofrida do subúrbio", o candidato priorizou o flerte com os eleitores da áreas da cidade que, junto com a zona oeste, lhe deu mais votos no primeiro turno. Ele dirigiu, entretanto, seus ataques ao prefeito Cesar Maia. Ele também fez ressalvas à estratégia do adversário de buscar apoio entre pessoas isoladas em vez de lideranças partidárias. "Não é com indivíduos que se faz diálogo institucional, é com partidos", disse. O peemedebista criticou ainda a promessa de Gabeira de não lotear a máquina publica. "O deputado Gabeira, quando apoiou o Cesar Maia, indicou o secretário de urbanismo [Alfredo Sirkis]. Então ele não aceita nomeações, mas nomeia", apontou ele, que acusou Gabeira de esconder, atualmente, o apoio de Maia à sua candidatura. Ele também ironizou outra proposta de Gabeira, a de utilizar aviões não-tripulados para localizar possíveis focos de dengue. "Nossa proposta não vai intensificar o tráfego aéreo", respondeu. Em suas considerações finais, Paes voltou a insinuar que Gabeira não conhecia a cidade. "Essa realidade que é ouvida por alguns neste momento eu conheço há 16 anos, desde que entrei na vida pública. Essa cidade eu conheço bem. Trabalhei há muito tempo para ser prefeito do Rio", afirmou.