O PMDB abriu negociação para ter o apoio de ACM Neto (DEM) no segundo turno da disputa pela capital baiana. A estratégia é evitar que uma eventual vitória de Walter Pinheiro (PT) sobre o prefeito João Henrique (PMDB) consolide a hegemonia petista na Bahia. Hoje, o PT já tem em mãos o governo do estado com Jaques Wagner.
Na manhã da segunda-feira (6/10), o presidente do diretório regional do PMDB, Lúcio Vieira Lima, telefonou para o comandante do DEM no estado, Paulo Souto, para tratar do assunto. Lúcio é irmão do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, principal articulador da campanha de João Henrique.
Desafeto histórico do carlismo, Geddel agora tenta atraí-lo no segundo turno com a arma de poder impedir o crescimento do PT. Para o grupo político de ACM Neto, que ficou em terceiro lugar na votação de domingo, um possível acordo com o PMDB interessa a longo prazo porque a reeleição de João Henrique manteria um cenário dividido entre carlistas, petistas e peemedebistas para 2010. Uma situação bem melhor do que PT e PMDB unidos.
Aliados de ACM Neto, no entanto, resistem a um acordo com Geddel. Preferem a neutralidade. Uma postura, por exemplo, que o PSDB pretende tomar nesta disputa. Quarto colocado no primeiro turno, o candidato tucano Antonio Imbassahy até avalia apoiar Walter Pinheiro para derrotar seu desafeto João Henrique, mas a direção nacional do seu partido avisou que é melhor não se envolver na briga de PMDB e PT, dois partidos da base do governo Lula.
Diálogo
Apesar da pressão dos aliados para ficar em silêncio, ACM Neto já procurou um argumento caso feche o apoio a João Henrique. Ele admite a possibilidade de tomar posição no segundo turno com o discurso de que qualquer aliança será feita em cima de projetos para a cidade e não de olho em 2010. ;Não trabalho com a política de exclusão, de vetos. Não me fecho a diálogos. O que vai determinar nossa decisão é o projeto que tem a maior afinidade com os ideais de Salvador. Vamos tomar a melhor atitude para a cidade;, disse. Segundo ele, a expectativa é anunciar a posição até o começo da próxima semana.
Precavido da polêmica que será uma aliança com ACM Neto, Geddel alega que não haverá união de grupos políticos. ;Interessa o apoio do eleitorado de todo mundo;, disse. Seu irmão, presidente do PMDB baiano, reforça o discurso. ;Não é aliança com o grupo A ou B, mas em cima de propostas;, afirmou Lúcio Vieira Lima, que procura minimizar as divergências com o carlismo. ;Nós éramos rompidos com o velho ACM (Antonio Carlos Magalhães, que morreu em julho do ano passado), mas não podemos deixar de elogiar algumas atitudes dele;, afirmou.
Nesta segunda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para Geddel. Os dois combinaram de discutir numa reunião ainda nesta semana o cenário em Salvador. Lula não visitará a capital baiana, já que os dois candidatos são de partidos de sua base de sustentação no Congresso. O governador Jaques Wagner pretende estar em Brasília até sexta-feira. Não está descartada a possibilidade de uma reunião entre os três.