Jornal Correio Braziliense

Politica

Entrevista com Eliane Xavier Jaime e Silva, juíza eleitoral de Cristalina (GO)

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Há sete anos à frente da Justiça Eleitoral de Cristalina, a juíza Eliane Xavier Jaime e Silva relata nunca ter visto nervos tão à flor da pele quanto na disputa entre os adversários Antonino Camilo (PR), candidato à reeleição, e Luiz Carlos Attié (DEM). Nestas eleições, a cidade de 36 mil habitantes, figurou em quarto lugar no ranking do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás que lista os pleitos potencialmente mais problemáticos. Ao fim das apurações, a disputa havia ficado à altura desta previsão. "Já fiz algumas eleições nesse meu tempo de magistratura e, confesso, nunca tinha vista nenhuma outra zona eleitoral com uma disputa tão acirrada como esta daqui", diz a magistrada. Apesar de possuir apenas 27 mil eleitores, Cristalina viveu três meses de acirrada disputa entre as coligações rivais. Como a senhora avalia a disputa local? Entre os processos eleitorais de mais trabalho, de maior complexidade e litígio, estavam os municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Rio Verde e, em quarto lugar, Cristalina. Em proporções, você nota está em nível de litigiosidade muito sério. Aqui, as coligações se dividiram de maneira muito polarizada, em embate muito radical. Eu tentei fazer a Justiça prevalecer de forma preventiva. À medida que ouvia relatos de possíveis incidente, confrontos e violência entre cabos, eu tomei as minhas providências. Por exemplo? Eu entrei em contato com o comandante que, na época das forças que vinham se instalar em Luziânia, relatei o problema e ele me deu um reforço da Força Nacional enquanto ela estava ativa. Depois, o reforço foi mantido com homens da Polícia Militar de Goiás. Fizemos um trabalho preventivo, fizemos muitas blitze e abordagens porque havia notícias de pessoas com porte ilegal de arma e situações de intimidação. Também falei com o general Magalhães, da 3ª Brigada de Infantaria, que fica aqui em Cristalina. Uma das principais evidências do clima acirrado em Cristalina foi o número expressivo de ações impetradas pelas coligações na Justiça Eleitoral%u2026 Despachei muito mais de uma centena de recursos. Em julho, no último levantamento que fiz, já havia mais de uma centena. Apesar de o maior volume ter sido logo no início da campanha, com tentativas de cassação de registros, de impugnações de candidaturas, ainda assim agosto e setembro foram muito movimentados. Houve muitos processos por propaganda extemporânea, propaganda irregular, uso da máquina administrativa pelo candidato à reeleição, captação ilícita de sufrágio (compra de voto), panfletos apócrifos. Tinha de tudo. Hoje (domingo) foi um dia de muita agitação. Como a senhora avalia esta reta final? Eu estou contando os dias para essa eleição acabar. Já fiz algumas eleições nesse meu tempo de magistratura e, confesso, nunca tinha vista nenhuma outra zona eleitoral com uma disputa tão acirrada como esta daqui. Eu precisei proibir, como medida preventiva ; e não sou adepta desse tipo de medida ; de quarta-feira para cá, carreatas e passeatas porque as pessoas estavam se confrontando nas esquinas. Falei aos candidatos: não vivemos em uma era para termos uma disputa eleitoral deste nível.