Começou, sem imprevistos, a votação para prefeito e vereadores de São João Batista, município de Santa Catarina, a 100 km da capital, Florianópolis, que foi um dos três locais escolhidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para iniciar a implantação da urna biométrica, que identifica o eleitor por impressão digital. Os outros dois municípios que estréiam o sistema são: Fátima do Sul (MS) e Colorado do Oeste (RO).
Dezesseis mil eleitores estão aptos a votar em São João Batista, após um recadastramento, quando foram obtidas as impressões digitais de todos os eleitores pelo Tribunal Eleitoral de Santa Catarina. A população registrada no município em 2007 era de 22.089 pessoas. Uma delas é João Evanir Stele, 67, que classificou como "muito bom" o sistema biométrico, porque com ele "não tem roubalheira. É que tem muito malandro por aí e antes até morto votava", disse.
A eleitora Isolete Massanera Sotopietro, 71, também achou boa a urna biométrica "porque não engana ninguém". Ela não teve dificuldade para registrar sua impressão digital e logo na primeira tentativa, com o polegar direito, confirmou sua identidade. Depois de votar, disse que não ficou nervosa.
Já o eleitor José Cardoso Rafael, 73, não teve dificuldade em registrar a impressão digital, mas hora de registrar o voto na urna eletrônica precisou da orientação de um funcionário da justiça eleitoral para digitar os seus votos. Depois confessou que "ficou nervoso", e não soube explicar porque, pois já havia votado outras vezes em urna digital.
O motorista de táxi José Xavier também experimentou pela primeira vez a urna biométrica e gostou, porque "dá mais segurança à eleição. Você sabe que ninguém vai poder votar no seu nome". Ele também não teve dificuldades para usar o sistema e conseguiu confirmar sua identidade com o polegar direito logo na primeira tentativa.
O processo de votação na urna biométrica é simples, mas pode exigir paciência do eleitor e mais de uma tentativa para registrar sua impressão digital. Isso, às vezes, pode levar alguém a perder a calma, porque o eleitor só pode fazer três tentatiivas com o polegar direito, que é o primeiro da sequência dos dedos determinada pelo sistema biométrico. Se falhar por três vezes seguidas, é preciso tentar com o polegar esquerdo. Se também não conseguir nas três tentativas, passa ao indicador direito e assim sucessivamente, na seguinte ordem: indicador esquerdo, médio direito, anelar direito, mínimo direito, médio esquerdo, anelar esquerdo e mínimo esquerdo.
O que pode dificultar a coleta da impressão digital é o uso constante de produto abrasivo, que desgasta a pele das mãos, ou mesmo algo que tenha provocado esse efeito até 24 horas antes da votação. O restante do processo é simples e segue o mesmo ritual a que o eleitor brasileiro já está acostumado há alguns anos: primeiro, ele apresenta sua identidade ao mesário, que confere o documento com a lista de eleitores, onde, além dos seus dados, está a fotografia feita para o cadastro eleitoral. A seguir, a impressão digital é colhida, ele vai para a cabine de votação, registra os números dos seus candidatos na urna eletrônica e volta à mesa, onde assiina a ficha de votação. Tudo não deve levar mais do que, no máximo dois ou três minutos. A coleta da impressão digital dura apenas 5 segundos, se a primeira tentativa der certo.
O dia amanheceu nublado em São João Batista, mas a chuva forte que castigou o munícípio nos dois últimos dias parou de madrugada e a temperatura, que era aproximadamente de 15º de madrugada, começou a subir, fazendo com que grande número de eleitores preferisse votar logo pela manhã.
Dois candidatos disputam a prefeitura: o atual prefeito, Aderbal Mendes dos Santos, índustrial do setor de calçados pela coligação Cada Vez Melhor (PP/PTB/PRB/PPS/PT), e o médico Gilberto Gonçalves Cândido, pela coligação São João Batista para Todos (DEM/PDT/PMDB/PSC/PSB/PSDB). Concorrem à Câmara dos Vereadores de São João Batista 103 candidatos.