Mesmo que não tenha peso decisivo na eleição presidencial, a campanha municipal influencia a disputa pelo Palácio do Planalto ao deixar claro com qual força cada partido entrará no páreo principal. As urnas revelarão os novos tamanhos das legendas, indicando quais delas começarão a disputa com mais capilaridade pelo país e mais máquinas administrativas à disposição. Embalados pelos altos níveis de aprovação popular do governo, aliados do presidente de Luiz Inácio Lula da Silva cantam vitória nos grandes municípios em 2008 e favoritismo para 2010.
;O PMDB conquistará pelo menos cinco capitais. Sairá mais forte e será o parceiro preferencial de Lula em 2010;, diz o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Ele se refere a Porto Alegre, Rio de Janeiro, Campo Grande, Goiânia e Salvador, que têm juntas cerca de 8,7 milhões de eleitores. Atualmente, os peemedebistas são favoritos nas capitais da Bahia, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul. Também controlam Florianópolis, um colégio eleitoral 15 vezes menor do que o cobiçado Rio de Janeiro.
;Objetivamente, haverá um fortalecimento do PT e, por conseqüência, da candidatura da ministra Dilma Rousseff;, reforça o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP). Os petistas governam cerca de 5,5 milhões de eleitores em oito capitais. No cenário mais otimista, que prevê vitórias em São Paulo e Porto Alegre, a quantidade de eleitores sob a batuta da sigla saltaria para 12,5 milhões a partir de 2009. Vaccarezza reconhece que tal resultado, se obtido, fortalecerá a legenda, mas não lhe garantirá a vitória na sucessão de Lula.
Para justificar a tese, o deputado lembra que, no auge do escândalo do mensalão, tucanos disseram publicamente que não pediriam o impeachment do presidente porque ele ;sangraria; até o fim do mandato e seria facilmente derrotado em 2006. ;Tomaram uma rebordosa. O PFL mudou de nome, e o Arthur Virgílio (líder do PSDB no Senado) nem conseguiu 5% de votos para o governo do Amazonas.; Ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro também afirma que dois anos é tempo suficiente para a reversão, até por várias vezes, do quadro político.
Chapa única
Múcio não está sozinho nessa avaliação dentro do Palácio do Planalto. ;Tudo indica que o governo se sairá muito bem nas principais capitais. Agora, a eleição é municipal. A população elegerá prefeitos;, declara outro ministro. Mantido o roteiro traçado por Lula, haverá uma única chapa governista em 2010. Será encabeçada por Dilma e terá como vice um peemedebista. O favorito, por enquanto, é o governador fluminense Sérgio Cabral.
;A campanha municipal tem pouca relação com a presidencial. Se não fosse assim, o Lula teria perdido para o Serra em 2002;, afirma o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Para o líder tucano na Câmara, José Aníbal (SP), a situação econômica, entre outros, será decisiva na escolha do próximo presidente da República. Neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá cerca de 5%. Em 2009 e 2010, a tendência, reconhecida pelos próprios governistas, é de redução nesse ritmo. O grau de desaceleração dependerá, por exemplo, da capacidade do Planalto para gerenciar a crise financeira. ;Primeiro, o Lula afirmou que estava tudo bem diante da crise. Teve surtos de euforia. Agora, já mudou bastante o discurso. É a velha esperteza petista;, declara Aníbal.
Oposição otimista
Os dois maiores partidos de oposição também fazem prognósticos otimistas sobre as eleições. O PSDB governa hoje cerca de 2,2 milhões de eleitores em três capitais: Cuiabá, Curitiba e Teresina. Além de mantê-las, afirma ser possível conquistar as prefeituras de São Luís e Salvador, o que levaria mais 2,2 milhões de eleitores para debaixo de seu guarda-chuva. Defensor da candidatura de Geraldo Alckmin em São Paulo, o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal, afirma que os tucanos, se forem derrotados na capital, serão recompensados por vitórias em grandes municípios no interior paulista.
Maior colégio eleitoral do país, o estado é governado pelo PSDB desde 1995. ;Cresceremos em grandes cidades. A capilaridade será importante em 2010;, diz Aníbal. O DEM controla as capitais de São Paulo e do Rio, com cerca de 13 milhões de eleitores. Agora, aposta as fichas para preservar a primeira, além de conquistar Salvador, Fortaleza, Belém e Palmas. Essas cinco cidades têm juntas entre 12 milhões e 13 milhões de eleitores.
Administrando o embate direto entre Alckmin e Gilberto Kassab pelo direito de disputar o segundo turno com Marta Suplicy (PT), PSDB e DEM ainda engatinham nas negociações sobre a sucessão presidencial. A tendência é que, mais uma vez, marchem juntos em 2010. Segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em setembro, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), teria 38,1% dos votos para presidente. Em seguida, viriam o deputado federal Ciro Gomes (PSB), com 17,4; a ex-senadora Heloísa Helena (Psol), com 9,9%; e a ministra Dilma Rousseff, com 8,4%. Em outro cenário, Ciro lideraria com 24,9 e estaria à frente do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), com 18,2%; de Heloísa, com 13,4; e de Dilma, com 8,6%.