Jornal Correio Braziliense

Politica

Comportamento do eleitorado do Recife pode romper com tradição

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Recife (PE) - As eleições deste ano em Recife (PE) podem ser marcadas pelo fim de um tabu. Segundo o coordenador do Núcleo de Estudo Eleitorais, Partidários e da Democracia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Clóvis Miyachi, até agora nenhum político no poder conseguiu eleger seu sucessor. ;É a chamada teoria do andor. Durante uma procissão as pessoas colocam um santo e os outros vão atrás. Se realmente se confirmarem as pesquisas e João da Costa (PT) for eleito, significa que o atual prefeito, João Paulo, também petista, conseguiu reverter a história de que política do andor não funciona em Recife;, completou Miyachi. O professor lembra quando Miguel Arrais, como governador, e Jarbas Vasconcelos, como prefeito,duas das maiores lideranças locais, não conseguiram fazer seu sucessor. ;João Paulo está conseguindo, pelo menos até agora;, disse. Para Miyachi, esse fato ocorre na capital pernambucana porque o eleitor recifence é ;bem politizado e atento ao que ocorre durante a campanha;, mesmo nos momentos finais. ;Recife sempre foi uma cidade altamente politizada, mas, em contra partida, é meio estranha. Em eleições passadas de Jarbas Vasconcelos contra Murilo Mendonça, Jarbas ganhou praticamente três dias antes. Houve denúncias contra Mendonça e isso reverteu o resultado das eleições às vésperas do pleito;, conta. ;Houve outro caso com o então candidato a prefeito Roberto Magalhães, apoiado por Jarbas, que deu uma 'banana' para os policiais que faziam uma manifestação, e isso se reverteu também a favor de João Paulo;, acrescenta. Na ocasião, João Paulo venceu as eleições e derrotou a aliança PMDB-PLF. ;Recife sempre foi conhecida como uma cidade libertária e cruel. Cruel do ponto de vista de que até agora nunca teve um dono político. O próprio Agamenon Magalhães, que foi um grande político local, foi derrotado;, argumenta Miyachi.