O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou hoje os prejuízos anunciados por algumas empresas com operações de derivativos, normalmente utilizadas como proteção contra oscilações bruscas do dólar. Nesta semana, Sadia e Aracruz relataram perdas e suas ações registraram forte queda. "Essas empresas, no fundo, no fundo, estavam especulando contra a moeda brasileira. Portanto, elas não tiveram prejuízo, elas praticaram por conta própria e porganância esse prejuízo. Isso é problema delas", disse o presidente, que participou neste sábado de ato de apoio ao candidato do PT à prefeitura de São Bernardo do Campo, o ex-ministro Luiz Marinho.
Ainda sobre os efeitos da crise norte-americana na economia brasileira, Lula admitiu que o País enfrenta "um pequeno problema de crédito" e garantiu que o governo tomará as medidas necessárias para que não falte financiamento para a exportação. "Nós vamos suprir essa deficiência no crédito pela falta de dólares no mercado internacional para financiar as nossas exportações", afirmou. No entanto, o presidente ressaltou mais uma vez que não haverá um pacote para enfrentar os problemas que podem resultar da crise financeira internacional.
Tsunami e marolinha
Lula reforçou que serão tomadas medidas pontuais. E garantiu ainda que o País vai continuar crescendo. Não haverá falta de recursos para projetos estruturais, afirmou, destacando a indústria naval e os setores de gás, álcool, refinarias e siderurgia. "Pode ter certeza de que não faltará dinheiro para incentivar os exportadores e as empresas que estão investindo", disse. Apesar de admitir problemas de crédito, o presidente minimizou os efeitos da crise financeira norte-americana no Brasil, afirmando que "lá, ela é um tsunami; aqui, é uma marolinha".
Lula considerou um bom indício a aprovação do pacote de incentivo à economia norte-americana, ontem, pela Câmara dos EUA ressaltando o fato de os parlamentares terem atendido aos apelos do presidente Bush e dos dois candidatos à Presidência. "Mas não se sabe se esse pacote será suficiente, porque não se sabe o tamanho do rombo", ressalvou.
O presidente afirmou ainda que crises menos graves do que a atual já prejudicaram o Brasil de maneira drástica. "A crise americana é maior do que a asiática, é maior do que a crise do México, que quebraram o Brasil. E ela ainda não chegou diretamente ao País", disse. "Nós vamos ensinar a esses países como a gente vê uma crise dessas. Vamos enfrentar essa crise trabalhando mais e investindo mais.