Fiscais do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral) aproveitaram a incursão do Exército no Complexo do Alemão nesta quarta-feira para remover propaganda eleitoral irregular. A ação começou pela favela Nova Brasília, e ainda não teve um balanço divulgado.
O chefe da fiscalização Luiz Fernando Santa Brígida apontou o candidato a prefeito Eduardo Paes (PMDB) como principal beneficiário da propaganda irregular apreendida hoje no Alemão. O Exército realizou nesta quarta-feira a maior incursão desde o início da Operação Guanabara, que tem o objetivo de coibir crimes eleitorais em áreas do Estado do Rio e ocorre desde o último dia 11. Cerca de 3.500 homens do Exército e 800 da Marinha ocuparam cinco favelas do Complexo do Alemão e áreas da Vila Cruzeiro.
Santa Brígida chamou de "absurdas" as faixas do peemedebista que iam de um lado a outro da rua. "Um candidato a prefeito me estarreceu. É a primeira comunidade onde eu encontro estas faixas. Está tudo sendo fotografado e provavelmente este relatório vai direto para o Ministério Público fazer a representação", afirmou o oficial de Justiça, que disse que a multa nestes casos é de R$ 2.000 a R$ 8.000 por cada faixa recolhida.
Sem contabilizar a ação realizada hoje no Complexo do Alemão, o TRE já recolheu 31 toneladas de propaganda irregular desde o início da campanha eleitoral. Só durante a operação Guanabara, que ocupou alternadamente 28 favelas, foram 11 toneladas de material apreendidos nas comunidades.
"Os candidatos tratam estes eleitores [pobres] como eleitores de segunda categoria. Eles não fazem isto na zona sul e na parte mais nobre da cidade", desabafou Santa Brígida.
Além de Paes, os fiscais retiraram cartazes afixados em postes da candidata a prefeita Solange Amaral (DEM) e dos candidatos a vereador Jorginho da SOS (DEM) -- acusado de ter apoio dos traficantes locais; Clarissa Garotinho (PMDB)-- filha dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho; Pastora Márcia Teixeira (PR), entre outros. "Até agora eu só encontrei propaganda irregular, nenhuma regular", disse Santa Brígida.
O presidente em exercício do TRE-RJ, desembargador Alberto Motta Moraes, criticou a legislação eleitoral por impedir uma punição mais efetiva (além da multa) dos candidatos que praticam propaganda irregular. "Nós não fazemos a lei. Eles fazem [a lei] de uma maneira que têm que ser notificado para retirar, e aí dizem que não sabia. A legislação é muito falha e não nos permite uma atuação mais direta", reclamou.
Procurados pela reportagem, a assessoria de imprensa do candidato Eduardo Paes não respondeu ao contato da reportagem e o peemedebista não atendeu o telefone celular.