Na reta final do primeiro turno das eleições municipais, a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte se mostra praticamente restrita a dois dos nove candidatos em campanha. A última pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha, e divulgada hoje (1º), confirmou a possibilidade de não haver segundo turno, em virtude do crescimento de 650% , em pouco mais de dois meses, obtido pelo candidato Márcio Lacerda (PSB).
O estreante em eleições majoritárias é protagonista de uma incomum aliança entre PT e PSDB, que enfrentou resistências internas, antes de ser consolidada. Se não vencer já no primeiro turno, domingo (5), Márcio Lacerda deverá enfrentar no segundo turno (no dia 26 de outubro) o deputado federal Leonardo Quintão, candidato do PMDB.
Na pesquisa divulgada hoje, com base em entrevistas feitas ontem e anteontem, o Datafolha revelou que Lacerda atingiu 45% das intenções de votos, ancorado pelo apoio das duas maiores autoridades políticas do estado, o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT), com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em julho, o índice do ;Prefeito da Aliança;, como se auto-intitula Lacerda, não ultrapassava 6%.
A coligação de Lacerda, ;Aliança por BH;, reúne doze partidos (PSB, PT, PV, PTB, PTN, PP, PR, PSL, PMN, PRP, PSC e PTC), além de contar com apoio o informal do PPS e do PSDB. Mais de 600 dos cerca de mil candidatos a vereador na capital integram essa coligação.
Em segundo lugar na pesquisa Datafolha para a prefeitura de Belo Horizonte, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), candidato da coligação ;Belo Horizonte para você - PMDB-PHS;, tem 23% das intenções de voto. Em julho, ele ocupava a vice-liderança, com 9%, mas, assim como Jô Moraes (PCdoB), foi atropelado pela ascensão de Márcio Lacerda (PSB). Nas últimas semnas, Quintão retomou a trajetória de crescimento. Em relação à pesquisa anterior, de 17 e 18 de setembro, ele cresceu seis pontos.
Pela evolução dos números, Quintão seria o único em condições de disputar o segundo turno com Lacerda. Ex-deputado estadual e ex-vereador da capital, Quintão tem como principal apoio na corrida à prefeitura o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). A candidatura peemedebista foi colocada após o partido se sentir excluído das negociações, que resultaram na união de PT e PSDB em torno de Márcio Lacerda.
Na simulação do segundo turno, feita pela pesquisa, Lacerda venceria Quintão por 52% a 37%. Segundo o Datafolha, dos eleitores de Jô Moraes, 36% dariam seu voto a Lacerda e 49% votariam em Quintão. O candidato do PMDB é o menos rejeitado. Ele tem 14%, contra 17% de Lacerda, o que configura empate técnico nesse quesito.
Sem uma base ampla de sustentação, a deputada federal Jô Moraes iniciou a corrida eleitoral na liderança, com 20% das intenções de voto, em julho, mas desde então passou a regredir, até registrar 11%, resultado que, por enquanto, a deixa fora de um eventual segundo turno.
A coligação ;BH é Você!” é integrada pelo PCdoB e pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB), ao qual é filiado o vice-presidente da República, José Alencar, uma das poucas lideranças de peso no estado, que apóiam a candidatura de Jô Moraes. A comunista aposta ainda no apoio de setores do PT, insatisfeitos com a aliança selada entre o partido e o PSDB. Um grupo de militantes petistas ligado ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, participou ativamente da campanha de Jô Moraes. Patrus foi prefeito da capital na década passada, quando deixou a administração com altos índices de aprovação, e também não avalizou a repentina união entre petistas e tucanos.
Com percentuais mínimos de intenção de votos aparecem outros seis candidatos. Sérgio Miranda (PDT) e Gustavo Valadares (DEM) têm 2% cada. Os candidatos Jorge Periquito (PRTB) e Vanessa Portugal (PSTU) têm 1%. André (PT do B) e Pepê (PCO) não alcançam, segundo o Datafolha, sequer 1% da preferência do eleitorado.
A pesquisa foi realizada entre 29 e 30 de setembro, com 1.056 pessoas, registrada no TRE-MG sob o nº 72262/2008. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.