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Politica

Eleições no Entorno: críticas à saúde em Buritis

Eleitora diz que faltam remédios na farmácia popular da cidade e que precisa se deslocar até Brasília para consultas médicas. Prefeito argumenta que aumentou o número de postos de atendimento

Dona Miriam Osvaldina Bispo Moraes não aparenta os 73 anos que tem. Apesar do bom humor e da disposição, a dona-de-casa depende de remédios para manter a saúde bem. Sofre com fortes dores na coluna e tem problemas cardíacos. O marido, Jaime Ribeiro, de 79 anos, teve um derrame. Para poder retirar medicamentos de graça, o casal precisa recorrer sempre à farmácia básica de Buritis, cidade no noroeste de Minas Gerais a 240km de Brasília. Dona Miriam disse que nunca voltou para casa de mãos vazias. O mesmo não pode ser dito do marido. ;Ele já precisou comprar remédio. Se falta no posto, ele que compra;, disse. A moradora contou que vizinhos e conhecidos também já fizeram queixas sobre a falta de medicamentos para atender à população da cidade. ;De vez em quando falta remédio. Eles (os governantes) tinham que tratar melhor disso e ter mais carinho com o eleitor;, completou. Farmácia Candidato à reeleição, o prefeito de Buritis, Keny Soares, o Dr. Keny (PDT), rebateu as críticas. Disse que a farmácia da cidade é bem equipada e que tem cerca de 150 itens à disposição do público. ;Desconheço a falta de medicamentos. Pode haver falta de remédios específicos, de uma receita que não é preconizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas a nossa lista de medicamentos abrange todos os tipos de patologias. Temos até a ampliação dos itens da chamada farmácia básica. O que pode ter é em algum momento, na entrega da medicação, ficar alguns dias sem aquele item. Mas não existe uma falta rotineira;, afirmou. Ouça o prefeito de Buritis (MG) Dr. Keny (PDT) A dona-de-casa também reclamou da falta de médicos nos postos de saúde do município e do hospital São Lucas, unidade conveniada ao SUS. ;Tive que fazer consulta em Brasília. Não acho isso certo. Aqui deveria ter um hospital melhor. Em caso de emergência, tem que ir para Brasília. Tudo é em Brasília. Se tivesse um hospital melhor, seria bom para nós;, disse. O prefeito, que é médico, argumentou que, na gestão dele, o número de Postos de Saúde da Família (PSFs) aumentou, passando de quatro para cinco na cidade, cuja população é de cerca de 21 mil habitantes. Há um outro posto que fica na zona rural. E completou: o hospital São Lucas atende à demanda da cidade. ;O hospital faz atendimentos de menores complexidades. Não é um hospital que tem UTI porque o nosso município não comporta esse tipo de hospital. Mas há atendimento obstétrico, ginecológico, pediátrico, clínico. Esse hospital sempre suportou esse tipo de atendimento. O setor de pronto atendimento fica na Unidade Mista de Saúde;, declarou. Concorrente de Dr. Keny, João José Alves de Souza, o João do Caixão, também atacou o sistema de saúde do município. ;Se uma pessoa machuca uma unha tem que ir para Brasília para resolver o problema;, ironizou. Ex-dono de funerária, ficou tão conhecido pelo apelido que não desgrudou dele nem mesmo para disputar a eleição. Ambicioso, João do Caixão quer construir um novo hospital para os moradores de Buritis. ;Há uma dependência grande de Brasília, mas o prefeito achou melhor comprar um ônibus para levar os doentes para Brasília do que investir aqui;, alfinetou. Dr. Keny argumentou que é preciso recursos da União para pôr a idéia em prática. ;Não se pode brincar com a saúde;, afirmou. Em meio à troca de insultos, dona Miriam cobra resultados: ;A cidade já era para estar muito melhor;. Ouça o candidato a prefeitura de Buritis João do Caixão (PSDB) (01/10) O eleitor pergunta O que o senhor vai fazer para melhorar a saúde no município, se eleito? Miriam Osvaldina Bispo Moraes, 73 anos Dr. Keny Soares (PDT) O nosso sistema de saúde é destaque no noroeste de Minas. Ampliamos o número de Postos de Saúde da Família (PSFs) e os colocamos dentro da sistemática exigida pelo Ministério da Saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com sala de agentes de saúde, de vacinação, toda uma estrutura de saúde. Construímos duas Unidades Básicas de Saúde e uma está sendo concluída. Também construímos uma farmácia básica municipal, com quase 150 itens de medicamentos oferecidos e um centro odontológico e iniciamos a colocação dos postos de saúde na área rural. Estamos reestruturando isso e colocando postos de saúde nas vilas e distritos. Não conseguimos, nessa gestão, colocar em todos os locais do meio rural. Na próxima gestão, estamos preocupados em ampliar esse sistema com melhores condições para que a população do meio rural venha a ser atendida. Estamos planejando construir o modelo dessas Unidades Básicas de Saúde que existem nas cidades dentro dos distritos, que é onde tem maior concentração de população. Também temos um planejamento para estruturar um hospital municipal para atendimento de maior complexidade. Mas isso depende de recursos federais. É complexo. João do Caixão (PSDB) Meu plano mais audacioso é implantar um hospital municipal com um centro neonatal, com centro de ortopedia, que é um problema sério aqui no município. Se uma pessoa machuca uma unha tem que ir para Brasília para resolver o problema. Há uma dependência grande de Brasília. Também quero construir um hospital para fazer com que os médicos morem aqui. Tenho falado com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para buscar verba para implantar esse hospital. Também quero estruturar o hospital municipal para que a cidade não fique tão dependente de Brasília. Também temos um outro problema: os médicos não se instalam na cidade, não têm amor pela cidade. Nesses 25 anos que eu moro aqui, nunca vi um médico comprando lote, construindo uma casa. Não há médicos suficientes nos PSFs, como psiquiatras, por exemplo. Ortopedistas só podem vir uma vez por semana. Temos uma carência de profissionais, a nossa preocupação é que eles criem um vínculo com a cidade. Para solucionar esse problema, pretendo abrir concurso público para contratar médicos e diminuir o número de cargos comissionados, enxugar a máquina.