O Ministério Público Eleitoral irá investigar se candidatos a prefeito denunciados numa reportagem do jornal Extra por faltarem a sessões da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro cometeram crime eleitoral. A matéria cita os deputados estaduais Marcelo Simão (PHS), Alessandro Calazans (PMN)e Rodrigo Neves (PT), candidatos às prefeituras de São João de Meriti e Nilópolis, ambas na Baixada Fluminense, e Niterói, na região Metropolitana. Segundo o Extra, eles teriam pedido o abono das faltas que tiveram enquanto estavam em campanha eleitoral.
Na madrugada de ontem, um grupo de homens, alguns deles armados, tentou tirar o jornal de circulação comprando mais de 30 mil exemplares no pólo de distribuição de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e na sede do jornal, no centro da capital fluminense. Um levantamento parcial do Infoglobo, empresa que edita o Extra, indica que a falta do jornal se concentrou no município de São João de Meriti e em alguns outros municípios da Baixada. No entanto, o procurador regional eleitoral, Rogério Nascimento, disse que irá investigar todos os citados na reportagem e classificou a compra dos exemplares como uma "grave ameaça à democracia".
Segundo o advogado de Simão, Luiz Paulo Viveiro de Castro, ele entrou hoje com uma ação de investigação judicial eleitoral pedindo a cassação de registro de seu principal adversário, o deputado federal, Sandro Matos (PTB), a quem acusa de ter comprado mais de 30 mil exemplares do jornal para distribui-los gratuitamente a eleitores da cidade. "Temos testemunhas e identificamos os proprietários do caminhão e do Vectra, que é um tenente-coronel que trabalha para o Sandro Matos". Matos terá cinco dias para se defender da acusação.
Falha
Em relação à reportagem, Simão disse que o pedido de abono das quatro faltas foi uma falha de sua assessoria, motivo pelo qual doou o salário referente a agosto para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São João. O advogado Afonso Destri, que representa Matos também informou que ingressará com ação eleitoral contra o candidato Marcelo Simão.
Para o advogado, "está claro que a operação de compra de jornais foi uma tentativa de se amordaçar a imprensa". Segundo ele, a falta de circulação do jornal Extra já no sábado à noite levou simpatizantes da candidatura de Matos a comprar exemplares do jornal fora do município "para que a população tivesse o direito de saber a verdade".
O deputado Calazans, também citado na reportagem, afirmou, em nota, que "desde que começaram os questionamentos em relação às faltas de deputados que estão em campanha política em seus municípios de origem", pediu "o 'desabonamento' das faltas e o devido desconto" dos dias que não esteve presente nas sessões legislativas.