Jornal Correio Braziliense

Politica

Candidatos de Salvador tentam colar imagem a Lula

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A menos de duas semanas para o primeiro turno e com as pesquisas mostrando grande equilíbrio entre quatro candidaturas, a disputa pela prefeitura de Salvador, na Bahia, parece ter se transformado em uma briga para definir quem é mais próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas últimas sondagens, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) lidera com uma pequena margem sobre Antonio Imbassahy (PSDB), João Henrique Carneiro (PMDB) e Walter Pinheiro (PT), todos embolados no segundo lugar. Nos programas do horário eleitoral, os candidatos tentam "colar" suas imagens ao presidente. Até os nomes de partidos de oposição ao governo federal, ACM Neto - da coligação "A Voz do Povo" (DEM-PR-PRB-PTN-PTC-PSDC-PRP-PTdoB) - e Imbassahy - "Para Melhorar Salvador" (PSDB-PPS) -, acabam envolvidos. Atual prefeito e candidato à reeleição, João Henrique Carneiro - coligação "A Força do Brasil em Salvador" (PMDB-PTB-PDT-PMN-PSL-PSC-PP-PHS-PRTB) -, é quem mais tenta atrelar seu nome ao de Lula. Fotos e vídeos de arquivo mostram João Henrique ao lado do presidente e do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, à exaustão. "A parceria não é só de amizade, mas de trabalho também", diz a propaganda, enquanto enumera as obras feitas na cidade com dinheiro do governo federal. Ao mesmo tempo, a campanha do peemedebista mostra o deputado Pinheiro esbravejando no Congresso contra os rumos do governo federal à época dos escândalos de corrupção que marcaram o fim do primeiro mandato de Lula. "Amigo não abandona amigo na hora da dificuldade", diz a propaganda. O petista Pinheiro, da coligação "Salvador, Bahia, Brasil" (PCdoB-PV-PT-PSB), é o maior exemplo de que ter proximidade com Lula significa aumentar o número de votos na capital baiana. Desconhecido da maioria da população, ele começou a corrida eleitoral com cerca de 5% das intenções de voto. Hoje, ele tem entre 15% e 20%, de acordo com as pesquisas, empatado com Carneiro e Imbassahy. O crescimento ocorreu mesmo sem o presidente ter dado depoimentos para o candidato na TV nem aparecido em comícios, como faz com Marta Suplicy (PT), em São Paulo. Lula afirmou que não faria campanha em centros onde a base aliada tem mais de um candidato com condições de vitória. Porém, o candidato do PT usa e abusa de imagens nas quais aparece com o presidente, mostrando a história dos dois dentro do partido e a proximidade ao longo dos anos. "Enquanto Pinheiro e Lula construíam o PT, João Henrique estava no PFL de ACM", conta a propaganda. "E você, João, vem dizer agora que é amigo de Lula? Oposição A campanha petista também mira em ACM Neto, ao repetir com freqüência o ataque dele contra Lula no Congresso, quando era sub-relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. "Sou capaz de dar uma surra no presidente da república ou em qualquer um dos seus que tiver coragem de se meter na minha frente", disse, aos berros, à época. As pesquisas mostram que os ataques não abalaram as intenções de voto do democrata, que circulam em torno de 30%, mas que fizeram crescer a rejeição a sua candidatura, hoje a mais alta entre os concorrentes, também por volta de 30%. "Errei, mas amadureci", responde ACM Neto em seu programa, ao mesmo tempo em que mostra cenas de suas reuniões com ministros de diversas áreas do governo federal. Quem parece mais perdido na competição pela amizade de Lula é Imbassahy. Seu partido faz oposição ao governo federal, mas integra a base de apoio do governo estadual, do também petista Jaques Wagner. Por causa da situação, o tucano - ex-prefeito da capital baiana, quando pertencia ao PFL - não cita Lula em sua campanha, mas faz questão de ressaltar a aliança do PSDB baiano com o governo da Bahia.