O candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai repetir na reta final da campanha a estratégia de Mário Covas (1930-2001) em 1998, quando o então governador, ameaçado de ficar fora do segundo turno, fez uma "cruzada ética" contra Paulo Maluf (PP), que liderava as pesquisas.
Covas dizia que seu adversário nunca esteve ao lado do povo e mostrou que ele tinha se posicionado contra o restabelecimento das eleições diretas em 1984 (Maluf se ausentou do plenário na votação da emenda). A tática levou Covas à vitória.
Reeleito vice-governador, Alckmin assumiu o governo em 2001, quando Covas morreu. Na reta final, Alckmin vai radicalizar o que já vem sendo feito por sua nova equipe de comunicação, Raul Cruz Lima e Marcelo Simões.
A idéia é ligar Kassab ao malufismo e a Celso Pitta, de quem ele foi secretário, e apontar contradições do prefeito, que, na visão dos alckmistas, hoje tenta passar uma imagem "progressista". Ontem Alckmin já veiculou inserções que exploram a ligação do prefeito com Paulo Maluf, Celso Pitta e Orestes Quércia: "Em 96, Kassab estava com Pitta; em 98, Kassab estava com Maluf; em 2008, Kassab está com Quércia. Na mesma época, Geraldo estava com Serra, com Covas e, agora, com o PSDB".
Os alckmistas também preparam uma resposta ao adesivo "sou tucano, voto Kassab". Será algo na linha: "Não existe meio tucano nem meio traidor".
Ontem, ao comentar a pesquisa, Alckmin disse que o resultado se devia apenas à sua "garra". Marta Suplicy (PT) falou do embate entre Alckmin e Kassab: "Cada dia vai ser uma surpresa. A briga parece que está sendo bem pesada". Ela comentou o elogio que Alckmin lhe fez por ter criado o Bilhete Único: "Ele fez uma apreciação correta da nossa gestão".