Os adversários de Eduardo Paes (PMDB) na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro elogiaram nesta quarta-feira a punição da Justiça Eleitoral ao governador Sérgio Cabral (PMDB) e ao candidato peemedebista em uma ação por suposto uso indevido da máquina pública em benefício do candidato. Primeiro colocado nas pesquisas, Paes disse que vai cumprir a determinação e alegou que os adversários estão exercitando o "jus chorandis, o direito ao chororô".
O juiz do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro Fábio Uchôa Montenegro mandou na terça-feira o governo interromper a propaganda institucional das UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) --carro-chefe da política estadual de saúde-- e determinou que Paes suspenda a distribuição de folhetos com elogios às unidades e o brasão do governo estadual. A combinação das propagandas, segundo o magistrado, estaria gerando "uma injustificada desigualdade entre os candidatos no pleito municipal".
Paes disse que "apesar de inexistir qualquer ilegalidade no material impresso produzido", a campanha decidiu suspender a produção e distribuição dos folhetos "para evitar qualquer maliciosa alegação". Os advogados não vão recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A candidata Solange Amaral (DEM) avalia que a decisão foi tardia. Ela pretende recorrer para que o candidato não possa exibir imagens das UPAs no programa eleitoral. "A publicidade cruzada está ocorrendo desde o início da campanha. O governo bota outdoor e o candidato fala do mesmo assunto. É um absurdo", afirmou.
Chico Alencar (PSOL) considerou insuficiente a decisão da Justiça Eleitoral. Para ele, a eleição "está marcada pelo uso da máquina administrativa, pelo abuso do poder econômico e pelo banditismo". "Tem que acabar com essa história indigna de usar a dor da população, debilitada na sua saúde, para fazer jogo eleitoreiro", disse.
Alessandro Molon (PT) disse que a medida é importante "para evitar o peso da máquina administrativa na disputa pela prefeitura". "Infelizmente a decisão não chegou antes", afirmou o petista.
Fernando Gabeira (PV) foi mais cauteloso e disse apenas que "estava havendo um desrespeito à lei e a lei foi aplicada". Paulo Ramos (PDT) manifestou que o povo deve refletir e "rechaçar" Eduardo Paes nas urnas. Jandira Feghali (PC do B) e Marcelo Crivella (PRB) não foram encontrados pela reportagem para comentar o assunto.