O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, reclamou nesta quarta-feira (17) que apesar de ter convidado parlamentares para visitarem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) depois das denúncias de grampos ilegais em telefones de autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, ;lamentavelmente pouquíssimas vezes algum parlamentar esteve na Abin para ter uma ligeira idéia do que é feito no órgão".
;E convidei a todos para ir à Abin;, afirmou em depoimento na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional.
O general, no entanto, disse que a presença das autoridades dos órgãos de inteligência na comissão do Congresso é importante para discutir os parâmetros de ação da agência.
;Na época da criação da Abin foram dois anos e meio de discussão aqui no Congresso, mas temos de aproveitar essa oportunidade para rediscutir a inteligência;, disse.
O diretor afastado da Abin, Paulo Lacerda, fez um mea culpa. Disse que não sabia de detalhes das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, comandada pelo delegado Protógenes Queiroz, e que contou com a ajuda de agentes da Abin, mas que se soubesse a dimensão do trabalho teria levado as implicações ao general Félix.
;É fácil fazermos hoje esse tipo de avaliação, passados quatro meses em relação a todo esse contexto. Meu trabalho na Abin era de diretor-geral reestruturando a Abin. Essa operação não era da Abin, eu não tinha de estar sabendo dos passos do Protógenes. Eu sabia o que precisava saber. Não precisava estar entrando em detalhes;, disse.
O diretor afastado confirmou que a Operação Satiagraha era uma operação da Polícia Federal e a Abin apenas deu apoio. ;Hoje essa questão tem uma dimensão completamente diferente. Talvez devesse reconhecer que deveria ter conversado sobre esse assunto [com o general Jorge Félix]. Não foi por nenhuma segunda intenção, é porque ele [delegado Protógenes] tem o trabalho dele e eu tenho o meu ;, afirmou.
Lacerda defendeu o trabalho da Abin, afirmando que ;não vão encontrar nada de diferente do que seja uma participação da Abin em apoio à organização chamada Polícia Federal, que faz parte do sistema brasileiro de inteligência;.
A Abin está sendo acusada de ter grampeado ilegalmente telefones de autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
A comissão deve ouvir ainda hoje o ex-agente do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) Francisco Ambrósio do Nascimento. Ele é suspeito de ter grampeado ilegalmente telefones de autoridades à pedido de Protógenes Queiroz.
Ele também foi convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados.