Em entrevista exclusiva publicada nesta segunda-feira, o presidente Luis Inácio Lula da Silva diz ao jornal argentino "Clarín" que vai escolher seu sucessor e "é muito possível que seja uma mulher", sem citar nomes.
O presidente disse ainda confiar que vai eleger seu sucessor, porque acredita que o país chegará a 2010 --ano das eleições, em uma situação muito confortável.
"Quem quer que seja meu sucessor vai ter um problema sério: terá que fazer mais que um metalúrgico. Não poderá passar a história como alguém que fez menos que um torneiro mecânico", disse Lula, ao comentar sua sucessão.
Lula disse ainda que foi criada uma nova classe de dirigentes na América do Sul. "Uns têm discurso mais de esquerda, outros mais de direita e outros mais ao centro. Mas é essa diversidade política e ideológica que permite construir os consensos. Sempre digo aos meus amigos presidentes da América do Sul: precisamos olhar nossa história para valorizar os avanços que já tivemos. Eu estabeleci um vínculo de amizade com os presidentes da América do Sul. Não é só uma relação de Estado para Estado".
Esta é a segunda parte da entrevista de Lula ao Clarín - a primeira foi publicada no domingo-- por ocasião da visita de Cristina Kirchner ao Brasil. Na primeira parte, o presidente voltou a defender a integração entre Brasil e Argentina.
La Nación
A visita de Cristina, que chegou ao país no sábado, também foi destaque em outros dos principais jornais argentinos.
Segundo o jornal La Nación, esta é uma visita chave para a chefe de Estado argentina: "Disposta a se recuperar da crise que afeta sua gestão, a presidente Cristina Kirchner deu a sua visita de Estado ao Brasil uma importância especial em busca do respaldo político necessário, quando ainda há vestígios da turbulência em nível nacional".
"Quase todo o gabinete se somou à comitiva que a acompanhará hoje, quando for se reunir com Luís Inácio Lula da Silva, para mostrar que a integração se encaminha a dar passos contundentes", diz o jornal.
Em outro artigo, o La Nación comentou os "passos de samba" ensaiados por Cristina Kirchner durante os festejos de 7 de Setembro, afirmando que "só a alegria do povo brasileiro conseguiu tirar de sua cabeça o calor agonizante, e (ela) se deixou mover levemente ao ritmo de samba.
"A comemoração do Dia da Independência aqui é uma festa. Tem pouco protocolo e muito ritmo, no país onde se celebra, com orgulho, o Carnaval mais colorido do mundo", diz o jornal.
A imprensa argentina destacou ainda os acordos de integração entre os dois países, entre eles, o da eliminação do dólar nas negociações bilaterais, que deve ser anunciado nesta segunda-feira.