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Politica

Soninha ataca Câmara Municipal e diz que não sabe em quem votar

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A candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, vereadora Soninha Francine, atacou a Câmara Municipal de São Paulo em sabatina no jornal "O Estado de S. Paulo". Ela disse que a aprovação dos projetos de lei se dá por meio de acordo antes das votações e que, "decepcionada", não pretende se candidatar a um novo cargo no Legislativo. Soninha também fez elogios ao prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), mas disse não saber em quem votar caso não chegue ao segundo turno. A candidata afirmou que sua "grande decepção" como vereadora foi a constatação de que a aprovação de projetos na Câmara se dá por meio de acordo entre os partidos antes que eles cheguem ao plenário para votação. "O teor do projeto não vem muito ao caso", disse ela, ao afirmar que a conveniência política é a prioridade para a maior parte dos vereadores. "A aprovação do projeto raramente tem a ver com o conteúdo dele." Ela admitiu, no entanto, que, se ganhar as eleições, terá de abrir algumas concessões aos vereadores, como incluir na pauta de votação alguns projetos da oposição e até negociar a indicação de secretários e subprefeitos para alguns partidos, desde que o currículo do indicado seja avaliado por ela. "Parece uma concessão absurda, mas seria pior se fosse indicado um nome e no dia seguinte ele estivesse publicado no ´Diário Oficial´", disse. "O dever do prefeito é que essa troca se dê de forma minimamente republicana." Ela disse que pretende escrever um livro entitulado previamente de "Catálogo das Desonestidades - de A a Z". Fora do Legislativo. Soninha disse que não é apenas na Câmara paulistana que essa prática acontece. O problema, segundo ela, é do próprio Poder Legislativo, independentemente da esfera. Por esta razão, ela afirmou que não pretende mais se candidatar a um cargo no Legislativo. "Eu quero trabalhar executando", disse. "Tenho vontade de ser prefeita, não penso em ser governadora e não quero ser presidente daqui a 10, 50 anos." Kassab e PSDB Soninha ensaiou alguns elogios a Kassab, ao dizer que ele agiu bem ao dar continuidade ao programa de governo do PSDB, do atual governador José Serra, que, eleito prefeito, deixou o cargo para assumir o governo do Estado, entregando o município a Kassab, então seu vice. Apesar dos elogios, ela disse que não pretende votar no democrata. "Eu vejo muitas qualidades na gestão de Kassab, mas ele é candidato do DEM, partido que eu tenho remotíssima afinidade." Questionada sobre em quem votaria se não chegasse ao segundo turno, ela disse que iria "meditar" no arquipélago de Fernando de Noronha (PE) porque também não pretende votar no PT ou no PSDB, partidos em que ela diz ver "defeitos idênticos". "Para esses partidos, o primeiro objetivo parece derrotar o adversário." Ela disse, no entanto, que o PPS deve apoiar no próximo turno o candidato de oposição ao PT. Se não ganhar estas eleições, ela disse que pretende atuar "em favor da sociedade" fora dos cargos eletivos. Maconha. Soninha voltou a ser questionada nesta sexta-feira sobre a polêmica causada pela capa da revista "Época", em 2001, quando admitiu fumar maconha. Ela disse que o assunto ainda a persegue e que pode afetar sua campanha se for usado contra ela. "Para algumas pessoas é a única informação sobre mim. ´Soninha? Ah, aquela...´." Mesmo assim, ela afirmou não se arrepender da entrevista. "Eu daria a entrevista de novo." Ela disse que deixou de fumar maconha, mas que ainda é vítima de preconceito, inclusive na Câmara. Segundo a candidata, um vereador, ao tomar a palavra na tribuna, afirmou que quem quer ser candidata a prefeita precisa ter proposta e não só fumar maconha. Mesmo sem usar a droga, ela se disse favorável à sua descriminalização. Propostas Soninha voltou a defender o pedágio urbano na cidade. Ela disse que os outros candidatos não tocam no assunto por se tratar de um tema impopular, mas que todos estudam a adoção da medida. "[O pedágio urbano] não é a solução para o trânsito, mas é inevitável", disse. "É uma medida para desestimular o uso supérfluo do carro." Sobre o metrô, ela disse que defende investimentos da prefeitura, mas que há outras soluções, como ciclovias, investimento em engenharia de tráfego e reorganização do espaço urbano, criando empregos nas regiões mais afastadas da cidade e povoando o centro. Ela também fez duras críticas ao CEU (Centro Educacional Unificado), criado pela petista Marta Suplicy (PT) e ampliado por Kassab. Ela disse que o equipamento público é muito bom, mas a qualidade do ensino, não. "O problema dos CEUs é que a qualidade de ensino nele não é melhor do que as outras escolas municipais", disse.