Jornal Correio Braziliense

Politica

Arthur Virgílio diz que grampos podem levar ao surgimento de milícias políticas

;

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusou o governo de perder o controle sobre a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e disse temer que surjam milícias que façam chantagens políticas e pessoais contra membros dos Três Poderes. O parlamentar exigiu que o presidente Lula não deixe como herança instituições deterioradas. "Tem um monstro solto, que no começo mordeu adversários do governo e agora morde o governo, haja vista o grampo no secretário Gilberto Carvalho [chefe-de-gabinete da Presidência]. O abuso está claro, não temos garantias daqui para frente se não estabelecermos um fim para isso. A impressão que me passa é que perderam o controle e que daqui a pouco surgirão milícias, milicianos a fazer chantagem política, pessoal ou de ordem financeira, o que seja", afirmou o senador, depois de participar da edição especial do Fórum Nacional, na sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio. Para Virgílio, o episódio dos grampos é a crise mais grave surgida desde a redemocratização, superando o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello --atual senador pelo PTB de Alagoas-- e o Mensalão. Ele considera o afastamento da cúpula da Abin insuficiente, e lembrou que o diretor-substituto, Wilson Roberto Trezza, de ter pertencido ao SNI (Serviço Nacional de Informações), na época da ditadura. "Houve um ataque especulativo gravíssimo ao Estado de Direito do país. Seria de ótimo tom se o presidente fosse ao Congresso e explicasse o que está acontecendo", afirmou. A regulamentação da Abin ainda não foi feita, apesar de a agência existir há quase dez anos, apontou. Diante disso, Virgílio disse que vai propor regras que imponham limites de atuação do órgão de inteligência. "A Abin é uma agência que está colocando sob ataque especulativo a democracia brasileira, está vulgarizando a idéia de que qualquer um pode ser grampeado", afirmou.