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Politica

Jobim diz que não tem nada a dizer sobre grampos

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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse nesta quinta-feira (4/09) que vai apresentar à CPI das Escutas Clandestinas a lista de equipamentos adquiridos pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) para uso da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A CPI aprovou ontem a convocação de Jobim para esclarecer a denúncia de que a Abin teria adquirido ilegalmente maletas de interceptação telefônica. A informação teria sido revelada por Jobim durante reunião de coordenação política do governo no Palácio do Planalto, na última segunda-feira. Jobim disse que sua única participação no episódio foi informar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a lista de equipamentos comprados pela agência. "Não tenho nada a dizer sobre grampos. A minha única participação nesse episódio foi entregar ao presidente da República a relação dos aparelhos que foram adquiridos pela Abin", disse Jobim. Segundo o ministro, há equipamentos que incluem varredura e outros capazes de fazer escuta ambiental. A Abin por lei, é proibida de fazer interceptações telefônicas. "O que vou dizer a CPI, é o que foi adquirido para servir à Abin", disse Jobim. Ele acrescentou que são "hipóteses" e "suspeições" as informações sobre quem teve o telefone grampeado e quem coordenou a interceptação da conversa telefônica entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Reportagem da Folha afirma que a Abin adquiriu ilegalmente maletas de interceptação telefônica. Essa informação foi decisiva para o afastamento do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, no episódio envolvendo o grampo ilegal do presidente do STF. O diretor-adjunto afastado da Abin, José Milton Campana, confirmou nesta quarta-feira em depoimento à CPI que as maletas compradas pela agência podem realizar escutas até 100 metros de distância, em "terrenos limpos". Campana não deixou claro, no entanto, se as escutas realizadas pelos equipamentos seriam ambientais ou telefônicas. "Nós estamos com uma comissão fazendo um laudo técnico [sobre os equipamentos]. Pelo que eu ouvi preliminarmente, me parece que na distância de 100 metros, com terreno limpo, poderia acontecer alguma coisa em termos de escutas", afirmou. O diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações da Abin, Otávio Carlos da Silva, admitiu que as "maletas" poderiam captar conversas telefônicas desde que situadas próximas em um local em que haja escuta. "Este equipamento é feito para detectar emissões de freqüência em ambientes fechados. Ele menciona 100 metros se eu tivesse um transmissor nesta sala e este transmissor transmitisse para outro receptor. Este equipamento seria capaz de interceptar essa comunicação, numa determinada freqüência que vai ser apresentada no display do equipamento e vai ser monitorada", disse o técnico.