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Britto diz que Supremo não 'usurpou' funções legislativas

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Em meio às críticas de integrantes do Congresso sobre a postura de "legislar" manifestada nas últimas decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Carlos Ayres Britto disse nesta sexta-feira que a Corte não "usurpou" as funções legislativas. Ao discursar durante conferência para advogados do Distrito Federal, Britto disse que o STF apenas tem modernizado as regras constitucionais. "Não estamos usurpando funções legislativas. Estamos projetando sobre a Constituição um olhar mais condizente da sociedade sobre o século 20. Esses novos ares interpretativos advém da nova postura de compromisso com a sociedade", afirmou. Britto defendeu a súmula vinculante editada pelo STF que proíbe o nepotismo no país --um dos pontos apontados por parlamentares como interferência do Judiciário no Legislativo. "Não precisamos de lei para dizer que o nepotismo agride os princípios da eficiência, da moralidade, da impessoalidade. Não vale confundir tomar posse no cargo com tomar posse do cargo", afirmou. O ministro cobrou mais "atitude" do Poder Judiciário para fazer com que a Constituição Federal deixe de ser um "elefante branco" ou "latifúndio improdutivo". "O que nos falta é o que faltou à seleção masculina brasileira de futebol na Copa de 2006 e nas Olimpíadas: atitude, disposição. A Constituição não padece de defeitos de normatividade, mas de interpretatividade." Britto defendeu mais "sentimento" entre os integrantes do Poder Judiciário para analisarem o texto constitucional, sem se fixarem apenas nas "letras frias" da Constituição. O ministro ainda defendeu mudanças na linguagem utilizada pelos advogados, juízes e magistrados que, na sua opinião, muitas vezes afastam a sociedade do Judiciário. "É como se estivéssemos ainda hoje usando a linguagem do hino nacional. Claro que o juiz não pode julgar fora dos autos, tem que fundamentar sua decisão tecnicamente. Mas deve abrir as portas do Direito", defendeu.