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Operação Mão-de-Obra: PT já fala em afastar Efraim

Mesmo cautelosos, senadores sugerem que primeiro-secretário saia de cena pelo menos durante as investigações sobre fraudes em licitações para serviços no Senado. Caso está com o corregedor Tuma

O PT começou nessa terça-feira (26/08) uma articulação em defesa do afastamento de Efraim Morais (DEM-PB) da Primeira-Secretaria do Senado por causa de sua vinculação cada vez maior ao lobista Eduardo Bonifácio Ferreira, acusado de negociar o resultado de licitações realizadas pela Casa para a contratação de mão-de-obra terceirizada.

Senadores do partido avaliam que ele não tem condições de ficar no posto em meio à investigação do corregedor, Romeu Tuma (PTB-SP), e pressionam para que outras legendas também cobrem uma resposta imediata de Efraim. ;Há um sentimento na bancada de que o mínimo que o senador deve fazer é se afastar da Primeira-Secretaria;, afirmou ontem a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).

A postura do PT começa a refletir, timidamente, em outras legendas. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), por exemplo, classificou de ;pesado; o material da Polícia Federal que traz referências a Efraim. ;Não se pode fingir que não leu. Vamos tomar uma posição;, disse. ;É importante que ele (Efraim) venha ao plenário e mostre suas explicações;, ressaltou Renato Casagrande (PSB-ES).

Os parlamentares avaliam que sua defesa terá que ser muito bem sustentada para conseguir mostrar que, apesar de Ferreira cumprir expediente diário no seu gabinete, o lobista agiu sem o seu conhecimento nas negociações com os empresários da Conservo e da Ipanema durante o processo licitatório em 2006. Como primeiro-secretário, Efraim prorrogou milionários contratos com essas empresas até 2009.

Oficialmente, Ferreira não era funcionário do Senado naquela época. Os senadores acreditam que não será fácil o senador paraibano explicar por que Ferreira, que é filiado ao DEM, tinha as chaves de seu gabinete e trabalhava nele em 2006, durante os processos de licitação para fornecer mão-de-obra na Casa. Naquele mesmo período, o lobista foi flagrado em encontros, alguns nas imediações do próprio Senado, com os empresários da Conservo e da Ipanema negociando, segundo a investigação, a vitória delas nas concorrências.

Para o petista Aloizio Mercadante (SP), os indícios contra Efraim devem ser ;rigorosamente apurados;. ;Num primeiro momento, não vi nada contra o senador. Agora, há evidentes indícios que precisam ser rigorosamente apurados. O corregedor tem que apresentar seu relatório. Se confirmar os indícios, o senador Efraim tem que se afastar;, disse, com um discurso mais cauteloso do que o de Ideli.

Defesa
Ontem, Efraim se reuniu com a bancada do seu partido, o DEM. Apresentou uma série de argumentos aos colegas tentando mostrar que não tem qualquer ligação com as irregularidades nas licitações do Senado. Admitiu que conhece Eduardo Bonifácio há mais de dez anos, algo que ele só agora tentou esclarecer. Desde 2006, Efraim tem minimizado sua ligação com o lobista.

O senador avisou que só se manifestará depois que o corregedor Romeu Tuma (PTB-SP) emitir seu parecer sobre o caso. Ontem, Tuma solicitou novamente à Justiça Federal toda a ação protocolada em março referente às irregularidades no Senado. O corregedor quer ainda que o Ministério Público Federal remeta ao Congresso os documentos ligados à investigação criminal, ainda em curso.

O futuro de Efraim está cada vez mais nas mãos de Tuma. Aliados do primeiro-secretário já mandaram um recado ao corregedor: se ele complicar a vida de Efraim, poderá ser incluído na crise. Isso porque Tuma era o primeiro-secretário em 2004, quando as empresas sob suspeita assinaram contratos emergências com o Senado.