Brasília - Esquivando-se da polêmica provocada pela discussão sobre a responsabilização dos crimes de tortura do período militar, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica tentaram nesta terça-feira (12/08) encerrar o debate. Monossilábicos, os oficiais militares afirmaram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o assunto seja tratado pelo Judiciário, portanto, não há razão para dar continuidade ao debate.
O comandante da Marinha, Júlio de Moura Neto, disse que o tema será tratado pelo Judiciário, como orientou ontem Lula durante a reunião de coordenação política, no Palácio do Planalto.
"O presidente da República declarou ontem que não é um assunto para ser tratado pelo Executivo. Qualquer assunto sobre isso será tratado pelo Judiciário. Essa é a posição do presidente da República e qualquer coisa que se diga será recorrente", disse o almirante após cerimônia militar, no Planalto.
Ao ser questionado sobre o desgaste causado pelas opiniões favoráveis à punição, manifestadas pelo ministro Tarso Genro (Justiça), o comandante da Marinha disse que "o assunto está resolvido pelo presidente".
"Ele [Lula] já deu todas as declarações que ele considera [necessárias]. Não há mais nada a acrescentar", afirmou Moura Neto, informando ainda que "claro que não"[houve desgaste].
De forma semelhante reagiram os comandantes do Exército, Enzo Peri, e da Aeronáutica, Juniti Saito. "[O assunto] já foi falado. O presidente falou e o ministro [Nelson Jobim, da Defesa] falou, então assunto encerrado", disse Peri. "O presidente sempre sabe o que faz", afirmou Saito.
Antes dos comandantes comentarem o assunto, durante a cerimônia militar, Jobim elogiou a competência dos militares e sinalizou que o governo não pretende punir os oficiais que criticaram publicamente a possibilidade de o governo vir a reconhecer a responsabilização do Estado sobre eventuais crimes de tortura ocorridos no período da ditadura.