O governador José Roberto Arruda (DEM) tem trabalhado para aumentar a participação no Executivo de partidos da chamada antiga esquerda no Distrito Federal. Representantes do PDT, PSB e PPS têm estudado sondagens e convites oficiais para colaborarem de forma mais destacada na atual administração. Um dos que podem assumir uma função importante é o deputado federal Augusto Carvalho (PPS-DF). Antigo aliado do governador, ele conversou com Arruda sobre a possibilidade de se licenciar da Câmara dos Deputados para se tornar secretário de Saúde.
Atual presidente do Procon-DF, o ex-deputado distrital Peniel Pacheco (PDT) também pode crescer no governo. Em reunião na tarde de sexta-feira, o PDT discutiu a transferência dele para a Secretaria de Justiça e Cidadania, na qual poderá ocupar o cargo até então destinado a um dos mais próximos colaboradores de Arruda, Raimundo Ribeiro (PSL), que reassumiu o mandato de deputado distrital na última semana. É possível ainda que o PDT indique alguém para a Secretaria de Educação Integral, sem titular desde que o deputado federal Alceni Guerra (DEM-PR) se desligou do governo do Distrito Federal para mergulhar na campanha municipal no Paraná.
Em julho, Arruda chegou a conversar com o deputado distrital José Antonio Reguffe (PDT) sobre um convite para a Secretaria de Saúde ou para outra pasta. As tratativas foram testemunhadas pelo presidente regional do PDT, senador Cristovam Buarque (DF). Reguffe, no entanto, recusou porque assumiu um compromisso com o eleitorado de ficar na Câmara Legislativa até o último dia de seu mandato. A divulgação das negociações deixou contrariado o governador, que fez questão de negar a versão.
Cristovam confirma que houve sondagens. ;Fui testemunha de conversas em que ele (Arruda) disse que queria o Reguffe mais perto dele tanto no governo quanto na Câmara. Mas convite mesmo só existe no Diário Oficial;, disse Cristovam. ;Antes disso, há apenas sondagens e especulações;, acrescentou. Sobre os demais convites ao partido, ele afirma apenas que o PDT tem conversado com Arruda sobre o aproveitamento no Executivo de projetos prioritários do partido, desenvolvidos quando Cristovam foi governador, entre 1995 e 1998, como a Poupança-Escola, o Bolsa-Alfa e as regras do Bolsa-Escola, que exigem a freqüência escolar como contrapartida para pagamento da ajuda financeira.
Arruda tratou ainda com o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) do mesmo tema. O único distrital do PSB, Rogério Ulysses, já tem participação no governo. Ele indicou o administrador regional de São Sebastião, Josino Alves. Mas havia uma expectativa de ampliar a participação do PSB na atual gestão. Um convite foi feito diretamente a Rollemberg. Ele passou o último mês conversando com aliados, familiares e conselheiros políticos, além da direção nacional. A tendência, no entanto, é de que não aceite o convite. Mas sem adotar uma linha de oposição ;Não queremos fechar portas e pretendemos manter uma postura colaborativa com o governador Arruda;, destacou Rollemberg.
As negociações devem ter continuidade nesta semana. Augusto Carvalho deve dar uma resposta ao governador até a próxima sexta-feira. Ele tem perdido o sono com a possibilidade de fazer um bom trabalho na Secretaria de Saúde. O parlamentar já foi convidado outras vezes a ingressar no GDF, na Secretaria de Educação e na de Meio Ambiente, mas preferiu se dedicar ao mandato parlamentar. Agora, tem dito que anda meio desencantado com o excesso de medidas provisórias na pauta da Câmara dos Deputados, as quais atrapalhariam a atividade legislativa.
Novo grupo de olho em 2010
Mesmo que o governador José Roberto Arruda (DEM) não consiga fechar agora uma aliança programática e administrativa com todos os partidos que têm procurado, um movimento já começa a se formar, e com peso político considerável. As direções do PCdoB, PSB e PDT têm discutido a formação de um bloco no Distrito Federal nos moldes do que ocorre no Congresso Nacional, para votação de matérias importantes. Esses partidos de pequeno e médio portes votam juntos e conseguem, com isso, aglutinar mais força política.
Nos últimos dias, o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e o presidente regional do PCdoB, Apolinário Rebelo, têm conversado sobre o assunto. A expectativa é formar o bloco depois das eleições municipais. Dessa forma, as legendas passarão a tomar decisões em conjunto e adotar políticas em sintonia. A tendência é de que sejam independentes em relação a Arruda: façam críticas a alguns pontos e apóiem o governo do DF em outros. A medida isola o PT, que ganhou força e entusiasmo na oposição ao governador desde a filiação de Agnelo Queiroz.
Nas três legendas ditas de esquerda, há quem aposte que o grupo permaneça unido até as eleições de 2010, inclusive com candidato próprio ao governo do Distrito Federal.