Nem caminhadas com o candidato de seu partido, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), nem agendas oficiais ao lado do atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), que concorre à reeleição. Depois de um mês de campanha eleitoral, o tucano José Serra, governador paulista, se equilibra como pode diante do desafio de manter o compromisso partidário de apoiar Alckmin, sem, no entanto, abandonar Kassab, que foi eleito vice em 2004 e só assumiu o posto quando Serra renunciou para disputar, e ganhar, o governo do estado em 2006.
Diante da saia-justa, o governador recebeu carta branca do alto tucanato para agir como achar melhor. Caso as próximas pesquisas eleitorais confirmem a tendência atual, de um segundo turno entre Alckmin e a candidata petista Marta Suplicy, a estratégia mais provável do PSDB será colocar Serra e Alckmin juntos, em comícios ou eventos públicos, somente na reta final da campanha, quando, acreditam os tucanos, Kassab tende a restaurar a aliança entre DEM e PSDB para evitar uma vitória do PT na maior cidade do país.
;Está tudo certo. A Marta contará com as visitas do presidente Lula, mas o Geraldo terá a seu lado o governador Serra. O jogo é extremamente sutil e delicado, mas são todos muito habilidosos;, comentou ontem um deputado estadual tucano. Por hora, assessores dizem que o governador está engajado na campanha, na medida do necessário, e conversa toda semana por telefone com Alckmin. Serra também deve gravar participações, da maneira como achar conveniente, no horário eleitoral gratuito, que começa dia 19.
Ao mesmo tempo, o governador não desautoriza Kassab, que tem feito o que pode para manter sua imagem colada à de Serra. Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito inaugurou seu comitê central esta semana homenageando o tucano e, nas agendas como prefeito ou candidato, não perde a oportunidade de fazer elogios ao governador. A ausência de Serra na campanha tucana foi motivo de comentário da petista Marta Suplicy à imprensa. Atenta à visita do governador mineiro, Aécio Neves (PSDB), ao comitê de Alckmin, na quinta-feira, a coordenação de campanha da ex-ministra considerou que o fato causava ;estranheza;, já que Serra ainda não foi visto ao lado de Alckmin.
O argumento de que Aécio veio a São Paulo em razão de outros compromissos não convenceu os petistas, que classificaram a visita como ;puramente um ato político;. Confiante na possibilidade de virada, Kassab trabalha firme nas ruas e aposta no início do horário eleitoral gratuito, quando terá quase nove minutos para mostrar o que fez em sua administração e quais são suas propostas. Será o maior tempo entre os candidatos. Até lá, o prefeito segue batendo firme na candidata petista, especialmente por meio de desafios temáticos. Ao longo da semana, comparou os números da atual administração com os da gestão Marta Suplicy, entre 2001 e 2004.
Kassab e Alckmin também já trocaram farpas, mas o alvo preferencial do prefeito é Marta. A coordenação da campanha petista não demonstra preocupação com relação aos desafios lançados pelo concorrente à reeleição. Segundo o coordenador geral, deputado Carlos Zaratini, a campanha do PT está mais propositiva. ;Estamos mostrando os projetos de Marta para a cidade. Temos clareza de que a população já conhece suas realizações de governo;, disse Zaratini. Ele lembrou que, no final de 2004, o orçamento da cidade era de cerca de R$ 13 bilhões. Agora, chega a quase R$ 23 bilhões. ;A Marta costuma dizer que fez muito com pouco. Eles é que devem explicar por que fizeram tão pouco com muito dinheiro.;