Expulso do PT após o escândalo do mensalão, em 2005, Delúbio Soares quer voltar ao partido para se candidatar a deputado federal por Goiás em 2010. O assunto foi tema de uma reunião entre o ex-tesoureiro do partido com o presidente do PT de Goiânia, Luiz Alberto Gomes de Oliveira.
Mas o retorno do ex-tesoureiro ao cenário político deverá encontrar resistências. Segundo Oliveira, Delúbio o procurou em maio para discutir seu retorno ao PT de Goiânia, onde era filiado desde 1981 e a possibilidade de se candidatar a deputado federal em 2010. Porém, como o ex-tesoureiro foi expulso por decisão da Executiva Nacional, Oliveira acredita que não cabe à Executiva Municipal "passar por cima" de uma instância partidária superior. "Se ele [Delúbio] entrar com pedido [de filiação], certamente alguém vai questionar. Alguém vai entrar com recurso [contra a filiação] por contrariar uma decisão da [Executiva] Nacional. Por isso, recomendei que ele procurasse a Executivo Nacional", afirmou Oliveira, ao admitir que o assunto é "extremamente polêmico".
Oliveira contou ainda que, no encontro, Delúbio disse que não cometeu nenhum crime e, por isso, quer voltar à política. Atualmente, o ex-dirigente ajuda na campanha do irmão, o vereador de Goiânia Carlos Soares (PT), que disputa a reeleição. A reportagem procurou Carlos Soares em seu gabinete e em seu escritório, mas não conseguiu localizar o vereador para comentar o assunto. Delúbio Soares também não foi encontrado pela reportagem. Segundo reportagem da revista "Época" desta semana, a única fonte de renda conhecida de Delúbio é o salário de professor da rede pública de Goiás, cerca de R$ 1.000 por mês que ele recebe sem dar aula, apesar de a Justiça ter determinado sua exoneração.
Apesar disso, mantém o mesmo padrão de vida de quando era dirigente do PT: veste roupas de grife, anda em carros novos e fuma charutos e freqüenta bons restaurantes. O presidente do PT de Goiânia disse que se o ex-tesoureiro apresentar o pedido de filiação vai convocar uma reunião da Executiva Municipal para discutir o assunto. "Não quero entrar na discussão se foi correta ou não a expulsão. Cabe a mim lembrar da decisão da Executiva Nacional. Se ele entrar com o pedido, vou sugerir que seja apreciado pela Executiva Nacional. Aqui [Goiânia] não é a instância adequada", afirmou.
Oliveira explicou que Delúbio foi um dos fundadores do PT em Goiânia e, por isso, o desejo de ele voltar ao partido, em vez de se filiar em outra legenda. Questionado se aceitaria o retorno de Delúbio, Oliveira foi político. "Acho que ele está sendo julgado [pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão] e o justo seria aguardar a decisão da Justiça", afirmou. Delúbio é um dos 40 réus da ação penal do mensalão e responde pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.