O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM), desqualificou nesta terça-feira (5/08) a principal prova do Ministério Público na denúncia, por homicídio qualificado, contra o vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, também filiado ao DEM. A acusação do Ministério Público levou à impugnação da candidatura de Nadinho a um novo mandato na Câmara Municipal.
Em entrevista por e-mail à reportagem, o prefeito comentou a denúncia contra Nadinho, que é acusado de ordenar o assassinato do inspetor da Polícia Civil Félix dos Santos Tostes. O ponto principal da acusação são as supostas 12 ligações para Nadinho, no dia do assassinato, feitas por André Luiz da Silva Malvar e Raphael Moreira Dias, suspeitos de serem os executores do inspetor. Félix seria integrante da milícia de Rio das Pedras e estaria ameaçando a influência política de Nadinho com a decisão de se candidatar a vereador.
O crime ocorreu em fevereiro de 2007. Maia cita a resposta dada pela Secretaria de Segurança Pública do Rio a um pedido de informações do DEM. "O secretário de segurança [José Mariano Beltrame] chega a dizer que não tem memória do noticiário da imprensa e anexa o que há contra ele, que tem um ponto central apenas: a troca de telefonemas [sem grampo] com o provável assassino. Ele [Nadinho] alega que se fosse mandante de qualquer coisa nunca usaria seu próprio telefone para falar com o pistoleiro", diz Maia.
O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral) atendeu o pedido do Ministério Público e indeferiu ontem o registro da candidatura de Nadinho de Rio das Pedras (DEM). Mesmo sem conedenação da Justiça contra Nadinho, a juíza da 228ª Zona Eleitoral, Ana Lúcia Vieira do Carmo, alegou a necessidade de proteger a "probidade administrativa" e a "moralidade" para o exercício do mandato. A Comissão de Ética do DEM ainda não tomou decisão sobre a situação de Nadinho. Maia diz que o partido não vai recorrer da decisão, porque isto cabe ao candidato, pessoalmente. A assessoria de Nadinho informa que ele ainda não foi notificado da decisão do Tribunal Regional Eleitoral. Ele está reunido com os advogados e tem três dias para recorrer da sentença ao Plenário do TRE-RJ.
Ficha suja
Maia faz ressalvas à falta de "critérios definidos" para barrar candidatos com "ficha suja": "Dever-se-ia definir o estágio para que isso ocorra. Qualquer um pode acusar qualquer um de qualquer coisa e o processo tramitar na Justiça. O Ministério Público pode, por dever de ofício, na dúvida deve acionar os governos para que esses esclareçam. Ou não. O próprio TSE poderia dizer em que estágio de um processo a ficha está ´suja´", ressalta.
"Com critérios definidos que definam um estágio determinado para os processos, sou totalmente a favor. Em Pompéia, que aliás foi soterrada num ano de eleição e com isso preservada toda a campanha, havia um conselho de magistrados eleitos que definia quem tinha ficha suja e não podia se candidatar", finaliza.