Sob o controle da família Buani, que ficou conhecida em meio ao escândalo do "mensalinho" em 2005, as lanchonetes da Câmara vão mudar de comando. O empresário José Roberto Buani perdeu a concessão de lanchonetes na Casa, que estava em nome de Viviani Amaral Buani, depois de uma série de reclamações de servidores insatisfeitos com a qualidade dos serviços.
Roberto é irmão do empresário Sebastião Buani --que acusou o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE) de cobrar "mensalinho" para garantir a ele a concessão de restaurantes na Casa.
A gota d´água para a rescisão foi uma pesquisa de opinião realizada pela direção geral da Câmara com os freqüentadores das lanchonetes. De acordo com a pesquisa, 74,5% dos entrevistados rejeitariam a qualidade dos alimentos servidos nos estabelecimentos de Buani.
Interlocutores informaram ainda que a direção da Câmara, antes de realizar a pesquisa, já havia registrado irregularidades envolvendo as lanchonetes. Houve atraso nos pagamentos das contas de água e luz e quatro meses de demora para quitar os contratos firmados com a Câmara. Nutricionistas também constataram a venda de alimentos com prazo de validade vencido.
As lanchonetes controladas por Buani já estão fechadas, após a perda de concessão por parte do empresário. Com o esvaziamento do Congresso em conseqüência do recesso parlamentar, o empresário desocupou as lanchonetes --que estão trancadas com cadeados.
A família Buani controlava os restaurantes e lanchonetes da Câmara até 2005, quando vieram à tona denúncias do pagamento do "mensalinho", que acabaram provocando a renúncia de Severino da presidência da Câmara. Apesar de Sebastião Buani ter perdido a concessão do restaurante em meio ao escândalo, a família manteve o controle de lanchonetes na Câmara.
Denúncias As polêmicas sobre o controle dos restaurantes e lanchonetes da Câmara pela família Buani vieram à tona em meio ao escândalo do "mensalinho". Em 2005, Sebastião Buani confirmou o pagamento de propina a Severino, na época em que ele era primeiro-secretário da Casa, que lhe teria garantido a concessão dos restaurantes.
Na época, Buani afirmou que, em troca da concessão, entregou ao deputado entre R$ 110 mil e R$ 120 mil durante o ano de 2003. Após ser pressionado por seus colegas, que reputaram como "insustentável" sua permanência com a confirmação das denúncias, Severino renunciou à presidência da Câmara e também ao mandato parlamentar.
No entanto, Severino não abandonou a vida política. É suplente de deputado federal por Pernambuco e candidato a prefeito de João Alfredo, no sertão pernambucano. Também costuma freqüentar a Câmara e visitar os antigos colegas de Parlamento.