"Querem que a Polícia Federal não trabalhe? Então vamos fechar a Polícia Federal", desabafou nesta sexta-feira (18/07) Fausto Martin de Sanctis, o juiz que mandou prender Daniel Dantas e abriu embate entre a toga e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que devolveu a liberdade ao banqueiro. "Querem instituições de faz-de-conta?", insistiu o magistrado, inconformado com acusações à corporação policial sobre supostos abusos na instalação de grampos telefônicos.
De Sanctis está saindo de férias, segundo ele programadas bem antes de Satiagraha. Quinze dias longe da turbulência que tomou conta da 6.ª Vara Criminal Federal, por ele presidida, desde que Dantas foi capturado. Quando voltar vai decidir sobre a exceção de suspeição, por meio da qual a defesa do banqueiro pede sua saída do caso.
Alegam os tutores do controlador do Grupo Opportunity que o juiz está emocionalmente envolvido com a investigação e que, por isso, teria perdido a isenção. "Apaixonado?, envolvido? Não existe emoção aqui", ele reage. "As decisões têm caráter técnico. Que apontem qualquer indicador de emoção nas minhas sentenças. Tentei fazer trabalho limpo. Quando a prisão é necessária ela tem que ser decretada sim. É caso de prisão quando alguém manipula provas, destrói provas, oculta provas."
"Os juízes do primeiro grau estão vivendo todo tipo de pressão, que não existe nos tribunais. Não me surpreende as coisas que estão acontecendo. Os juízes estão trabalhando com pouquíssimo apoio institucional. Os juízes estão constantemente pressionados. Tenho recebido manifestações de apoio de autoridades de fora do Brasil, elas me questionam sobre o que está acontecendo aqui. Lá fora a Justiça brasileira é conhecida como a Justiça que faz e desfaz." De Sanctis não demonstrou preocupação com o fato de ter sido espionado, segundo informa o inquérito Satiagraha. "A guerra continua. Estão jogando pesado. Há um interesse imenso de me destruírem. Está muito difícil, mas tenho experiência suficiente para suportar."