Na tentativa de desvincular politicamente o ministro José Gomes Temporão (Saúde) da bancada do PMDB do Rio, dez deputados peemedebistas fluminenses protocolaram nesta quinta-feira (17/07) um abaixo-assinado no Palácio do Planalto e Ministério da Saúde. Nele, os parlamentares rechaçam ligações políticas com a pasta e exigem a demissão de quem se diz ligado aos peemedebistas fluminenses.
A reação dos parlamentares se deve às informações de que há intenção da bancada do Rio em indicar nomes para cargos considerados importantes no Ministério da Saúde. As informações ganharam mais força nos último dias com a saída de José Noronha, que era secretário nacional de Assistência à Saúde.
De acordo com o ministério, Noronha era amigo de Temporão e pediu exoneração do cargo por razões pessoais. Ainda não foi indicado um substituto para a secretaria, o que estimulou uma série de eventuais indicações políticas para o cargo. Porém, no abaixo-assinado, os parlamentares negam quaisquer articulações que visam nomeações e indicações. E, ainda pedem a demissão de "qualquer pessoa de cargo público" cuja nomeação é atribuída à bancada fluminense.
O texto do documento diz que: "Os abaixo-assinados deputados federais da bancada do Rio de Janeiro, vem à presença de vossas excelências [o presidente da República e o ministro da Saúde], informar que não têm interesse em qualquer nomeação do âmbito do Ministério da Saúde. E, desautorizando qualquer gestão que envolva o nosso nome, desmentindo ainda, categoricamente, que tenha qualquer posição nesse Ministério, ocupada por indicação de qualquer membro da bancada. Solicitamos formalmente a demissão imediata de qualquer ocupante de cargo público no Ministério cuja nomeação tenha sido a nós atribuída".
Assinam o abaixo-assinado os seguintes deputados federais (pela ordem de assinaturas no documento): Eduardo Cunha, Nelson Bornier, Alexandre Santos, Geraldo Pudim, Marcelo Itagiba, Bernardo Ariston, Leonardo Picciani, Fernando Lopes, Solange Almeida e Edson Ezequiel.
Divergências
Internamente, o PMDB do Rio não tentende o nome de Temporão como indicação da bancada. Os deputados afirmam que a nomeação dele foi imposta ao partido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Nos últimos dias, Cabral e Temporão também estariam estremecidos porque o Ministério da Saúde não repassou verbas para o programa de unidades de pronto atendimento do Estado do Rio. Também há queixas em decorrência de obras no hospital de Queimados (interior fluminense).
Segundo alguns deputados, houve várias tentativas de diálogo com Temporão, mas o ministro apenas sinalizaria interesse nas conversas, mas depois não executava as supostas promessas acordadas.