Na tentativa de blindar integrantes do governo e o próprio Ministério da Justiça de críticas relativas à Operação Satiagraha, da Polícia Federal, os principais líderes dos partidos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiram uma ofensiva. Ao que tudo indica, a idéia é adotar um discurso que associa o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta a antecessores da atual gestão.
Reuniões informais foram intensificadas desde a segunda-feira (14/7). Por telefone e em conversas no Congresso, os líderes decidiram que é necessário repetir o discurso sobre a eficiência da Polícia Federal, a correção dos atos e as irregularidades que estão sendo investigadas sem discriminação de nível econômico ou de qualquer outro tipo.
Interlocutores do governo que participam das reuniões informaram que palavras-chaves, como genética e criatura, para associar os principais nomes suspeitos ; investigados pela Operação Satiagraha ; serão utilizadas para associar a responsabilidade por eventuais apoios políticos aos governos anteriores ao de Lula.
Planalto
Suspeito de vazar informações sigilosas da operação para o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, nega ter repassado dados ao petista. Mas confirmou ter conversado com ele, por telefone, no dia 28 de maio, para tratar sobre uma suposta ameaça que Humberto Braz ; assessor de Dantas ; estaria sofrendo.
A situação de Carvalho também foi tema da reunião de coordenação política, realizada nesta segunda-feira (14/7) por Lula, na presença do vice-presidente José Alencar e mais seis ministros. Mas oficialmente, a orientação é para que os governistas afirmem que a nota à imprensa divulgada por Carvalho coloca um ponto final no caso.
Nesta terça-feira o ministro Tarso Genro (Justiça) reiterou que o assunto envolvendo Carvalho e as eventuais suspeitas já estaria superado. "Isso já está inteiramente e muito bem descrito na nota que ele [Carvalho] publicou", afirmou.