Jornal Correio Braziliense

Politica

Abandono e rápida depreciação

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A casa 9, localizada no conjunto 9 da QI 11 no Lago Sul, se destaca das vizinhas. Não por ser mais imponente. No coração do bairro mais valorizado do Distrito Federal, chama a atenção por parecer uma prima pobre das demais mansões vizinhas. Avaliado em R$ 1,2 milhão, o imóvel está entre os 41 que foram colocados à venda no início de dezembro do ano passado. Porém, como outros 21 imóveis ofertados no leilão do GDF, a propriedade de 800 metros quadrados não recebeu nenhuma proposta de compra. Resultado: desocupada há alguns meses por seu último morador, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, a mansão já exibe aspecto de abandono. O pó fino amontoado em plena sala de jantar da residência oficial indica a presença de cupins por baixo da madeira que reveste o chão da casa. Em uma dispensa da cozinha, as prateleiras estão quebradas, há marcas de infiltrações e ferrugem nas escadas que dão acesso a um sótão. Um balanço desmantelado e uma piscina com lajotas quebradas são as atrações do jardim da mansão do governo. Também em locais privilegiados do Plano Piloto, muitos apartamentos da 203 e 215 Sul estão em péssimo estado de conservação. A fachada amarelada do bloco A da 203 é a vitrine das unidades de 240 metros quadrados ; quatro quartos, duas suítes, duas lavanderias, duas dependências de empregada. No térreo e na garagem, goteiras, rachaduras nas paredes e mofo corroem aos poucos o patrimônio do GDF. Mas nem todas as unidades estão malcuidadas. Na confiança de que um dia poderia arrematar definitivamente os imóveis, parte dos moradores investiu em reformas e benfeitorias nos apartamentos. A advogada Teresa Campelo é um exemplo. Desde a porta em madeira nobre, passando pelo piso de granito, os adornos em gesso do teto, a ex-procuradora fez do apartamento oficial um brinco. Gastou R$ 150 mil, segundo ela, comprováveis com notas fiscais. Teresa representa na Justiça o grupo de 11 moradores que questionam no Tribunal de Contas a avaliação feita pelo governo. Para eles, não tem cabimento a diferença de preços entre unidades do mesmo prédio se as benfeitorias foram pagas com recursos próprios. ;Melhorei o apartamento com meu dinheiro, não é certo agora que o governo queira lucrar em cima das melhorias que eu mesma fiz;, protesta. Em alguns casos, a diferença de avaliação chega a R$ 150 mil. Um dos responsáveis pela venda dos imóveis, o secretário de Planejamento e Gestão, Ricardo Penna, avalia que as maiores dificuldades do GDF em achar compradores para os apartamentos devem-se às pendências judiciais e à permanência dos moradores nas residências: ;Quem é que se interessa em comprar um imóvel sabendo que depois de pagar por ele ainda vai ter de brigar na Justiça pela desocupação?;