O sócio-fundador do banco Opportunity, Daniel Dantas, se absteve de responder a todas as perguntas feitas pela Polícia Federal (PF) no depoimento realizado nesta sexta-feira (11/07), conforme já havia antecipado seu advogado, Nélio Machado. "Haverá nova data para o depoimento porque o motivo primordial por mim imposto para que ele não prestasse declarações mais significativas foi o não conhecimento dos dados da investigação. Eu vou ler esse material e provavelmente na semana que vem se realizará o novo depoimento", explicou Machado, ao deixar a sede da instituição, em São Paulo
Dantas deve deixar a qualquer momento a sede da PF, na zona oeste da capital paulista, beneficiado pelo habeas-corpus concedido hoje pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. De acordo com Machado, Dantas já foi informado da decisão e sua soltura depende apenas de procedimentos burocráticos da PF. "Evidentemente ele se sentiu reconfortado, pois estava vivendo uma situação de grande e enorme constrangimento que será inapagável para a vida dele. É um homem de bem, que tem uma trajetória profissional e empresarial, e inclusive foi um pensador da economia do País, e merece respeito", disse o advogado.
Machado disse ter ficado bastante satisfeito com a decisão da corte. "Acreditava firmemente nessa possibilidade porque conheço as tradições do STF e também a formação jurídica de seu presidente. Foi uma decisão absolutamente compatível com os preceitos constitucionais. Isso reafirma a fé na Justiça", disse o advogado de Dantas, preso na Operação Satiagraha, da PF, que investiga suposto esquema de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro.
Dantas não deve voltar a ser preso, espera Machado. "Não acredito nessa possibilidade, porque a prisão primeiramente rechaçada foi a temporária. Veio depois a prisão preventiva, que foi repudiada, e o Direito brasileiro só conhece a rigor as prisões em flagrante, preventiva ou temporária. Então vão ter que inventar outra coisa numa legislação que ainda não está em vigor no Brasil", afirmou
Machado lamentou a posição do procurador do (MPF-SP), Rodrigo de Grandis, e de outros membros do Judiciário que criticaram a decisão de Gilmar Mendes. "Acho lamentável que o MPF critique uma decisão do STF. Respeito o doutor Rodrigo, ele estava presente (no depoimento). Como disse o ministro (da Justiça) Tarso Genro, a decisão precisa ser respeita, seja ela qual for." Machado negou que a PF tenha oferecido a possibilidade de delação premiada a Dantas. "Ele não tem a postura de utilizar esse expediente para obter qualquer tipo de beneficio", disse