A sucessão da Mesa Diretora na Câmara Legislativa será atrelada ao processo eleitoral de 2010. Nas estratégias para apoio aos nomes em campanha, os deputados vinculam as duas disputas. Um dos movimentos iniciados é o da bancada do PT. Os parlamentares petistas querem eleger um presidente que pregue mais independência em relação ao Executivo para o biênio 2009-2010, numa tentativa de criar dificuldades para o atual governo nos últimos dois anos do mandato. O antídoto para essa tática virá do próprio governo, que tentará unir esforços para a vitória de alguém confiável, ou seja, um parlamentar que não use o poder no Legislativo para impedir a tramitação dos projetos na Casa. A eleição será no próximo mês de dezembro.
Nesse quadro, a disputa na Câmara é imprevisível. Em dezembro de 2006, governistas se uniram a petistas para eleger, por unanimidade, o deputado Alírio Neto (PPS). Os petistas já falam em apoiar a emenda à Lei Orgânica do Distrito Federal que permite a reeleição da Mesa na mesma legislatura. ;Vamos levar em conta a nossa estratégia para 2010. Se entendermos que a reeleição da Mesa Diretora facilita o nosso projeto de eleger o próximo governador do Distrito Federal, podemos votar a favor;, disse o líder do PT na Câmara, Cabo Patrício.
O projeto foi aprovado em primeiro turno no ano passado. Mas a repercussão da medida que facilitaria a continuidade de Alírio Neto no poder impediu a votação da proposta em segundo turno. Uma das reações partiu do Democratas. O partido fechou questão contra a reeleição na Mesa Diretora. Na semana passada, o presidente regional do DEM, o vice-governador Paulo Octávio, declarou ao Correio ser favorável à eleição de um integrante de sua legenda. O governador José Roberto Arruda (DEM), por sua vez, admite apoiar um governista de outro partido.
Os votos dos quatro petistas serão importantes porque a bancada, em geral, fecha posição. Muitas vezes, José Antônio Reguffe (PDT) também segue o mesmo caminho. Eles, no entanto, não têm força para derrotar o governo. A base governista tem 19 parlamentares. O problema é a grande quantidade de candidatos. O próprio Alírio, Milton Barbosa (PSDB) e Leonardo Prudente (DEM) são os concorrentes mais explícitos. O retorno dos ex-secretários Eliana Pedrosa (DEM) e Raimundo Ribeiro (PSL) ; que anunciou a volta à Câmara ; os coloca também em posição de candidatos potenciais. Dessa forma, quem conseguir apoio da oposição sairá na frente.
Forças
Mas não basta apenas o compromisso de independência. Nesse processo, o PT tem suas táticas também para se manter no comando da Casa. Não interessa ao partido pressionar além do limite de suas forças e terminar fora da Mesa Diretora, no caso de os governistas fecharem um acordo que os exclua. ;Queremos manter nossa posição na Câmara;, admitiu Patrício. Hoje, o PT tem a vice-presidência, cargo ocupado pelo petista Paulo Tadeu. No sistema de rodízio interno, Patrício poderá exercer a função se a legenda conseguir manter o segundo posto mais importante da Câmara.