O ministro da Justiça, Tarso Genro, informou nesta quarta-feira, 9, que a direção geral da Policia Federal abriu sindicância interna para apurar se houve violação do Manual de Procedimentos Operacionais da instituição em dois episódios da Operação Satiagraha : se a exclusividade dada a uma emissora em imagens das prisões representou um vazamento e se houve exposição constrangedora e ilegal na detenção do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta . Além de Pitta, foram detidos o sócio fundador do banco Opportunity, Daniel Dantas, e o investidor Naji Nahas.
Baixado há um ano, o Manual de Procedimentos Operacionais da Policia Federal estabelece, entre outras medidas, discrição nas prisões. O descumprimento do manual resulta em punições que vão de advertência, suspensão e, em último caso, abertura de processo administrativo para demissão. "O Manual terá de ser obedecido", insistiu Tarso.
Em entrevista coletiva, Tarso condenou o que admitiu ter sido um privilégio dado a uma emissora de TV e pediu desculpas públicas às demais emissoras e outros órgãos da imprensa pelo que chamou de "concorrência desleal". "É preciso saber se alguém de dentro da Polícia Federal vazou a operação. Não digo que foi o delegado (referindo-se a Protógenes Queiroz), que fez um trabalho brilhante, mas não pode ocorrer uma punição antecipada, com a exposição dos suspeitos. Apesar disso, o fato não constitui a centralidade e nem tira o valor do inquérito, altamente qualificado", frisou.
Mesmo ressaltando que não comentaria as críticas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, contra o que classificou na terça de "espetacularização" da operação da PF, o ministro da Justiça negou ter havido espetáculo. Tarso já polemizara com Mendes na semana passada, a propósito dos métodos de ação da Polícia Federal igualmente criticados pelo presidente do STF.